A excessiva mercantilização tirou a graça e a criatividade do futebol
Em algum momento, talvez na virada do século, o futebol deixou de ser um espetáculo, um esporte vibrante como poucos, alegre e positivo, que encantava os torcedores nos quatro cantos do mundo, algo edificante como devem ser a boas coisas da vida.
Em conversa com o ex-presidente do Coritiba e do J.Malucelli, o empresário Joel Malucelli, percebi o quanto um idealista e amante fervoroso do esporte anda decepcionado e cansado com o futebol que se pratica atualmente.
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Claro que não se trata apenas do baixo nível técnico da maioria das equipes ou das próprias seleções nacionais, mas do excesso de negócios que tornaram o esporte mais popular do planeta em mera commodities. A excessiva mercantilização tirou a graça e a criatividade do futebol.
O excesso de dinheiro em circulação, a independência aparente dos novos jogadores que deixaram de pertencer aos clubes e se tornaram reféns milionários dos empresários e agentes argentários, mas sem instrução ou educação básica para enfrentar o sucesso, dirigentes que se tornaram profissionais sem qualquer resquício de respeito com as tradições dos times ou mesmo de consideração com o ingênuo e apaixonado torcedor da arquibancada, os interesses comerciais sobrepujaram os ideais esportivos e deu nisso que estamos assistindo.
Péssimas arbitragens, péssimos operadores de VAR, excesso de dirigentes irresponsáveis nas confederações e nos clubes tornando as exceções raras e altamente respeitáveis, falta de material humano de qualidade para atender a excessiva demanda por CEO’s, coachs, supervisores, técnicos e outros cargos importantes além da má formação dos jogadores tornaram o futebol brasileiro uma cansativa repetição e a seleção nacional uma grande decepção. Os jogadores milionários parecem ter preguiça de jogar pela seleção brasileira.
Tudo isso sem esquecer a agressividade das tais torcidas organizadas que se transformaram em autênticas quadrilhas sem qualquer pudor nas atitudes que tomam.
Por estas e outras, um dirigente amador, fiel torcedor e com dez por cento da sociedade anônima que comanda o Coxa, revelou-se entristecido e preocupado com tudo o que está testemunhando nos últimos anos.
Os mais velhos sentimos saudade do tempo em que o futebol era motivo de alegria e confraternização.
Assista ao podcast Carneiro & Mafuz
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Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...