Hora de repensar o futebol em tempos de coronavírus
A bola parou.
Tudo por causa de um vírus que, não se sabe exatamente como e por que, surgiu em uma cidade na China e espalhou-se pelo mundo inteiro.
Atende pelo nome de Covid-19, mas também pode ser chamado de novo coronavírus, pois se trata de uma reprodução de pestes anteriores.
Cai com uma luva para o atual momento em que vivemos, a célebre advertência da Albert Camus, em seu discurso na Suécia: “Cada geração se crê destinada a refazer o mundo. A nossa, entretanto, tem uma tarefa bem mais importante: a de impedir que o mundo se desfaça.”
>> Tempo real: acompanhe as consequências do coronavírus no esporte
A fantástica reconstrução chinesa e sua ascensão ao primeiro plano mundial foram produto de um projeto forjado pelas elites, pela liderança comunista que aceitou abrir o mercado, desde que mantida a severa ditadura social. Como não tinha mais o que perder, ou continuar vivendo miseravelmente, o quase 1 bilhão e meio de chineses foi conscientizado dos novos termos.
O projeto nacional é a fixação de um objetivo preciso: a
decisão firme de alcançar os países que estavam há séculos na frente da China.
Logo a China que foi tão inventiva, criativa e moderna em
passado remoto. Marco Polo que o diga.
Pois foi exatamente lá que a peste iniciou-se há alguns meses e atingiu praticamente todos os cantos do planeta. Uma desgraça, sem dúvida.
>>> Quarentena da bola: quatro séries e um documentário imperdíveis sobre futebol na Netflix
Mas os seres humanos finalmente se uniram e estão reagindo a
pandemia que nos assola e promete levar muitas vidas até o final do seu ciclo
natural.
O mundo parou.
Todo tipo de atividade sofreu algum tipo de mudança e há
quem afirme que, ao fim e ao cabo do coronavírus, teremos mais pessoas falidas
do que falecidas.
E como não poderia deixar de ser o futebol nosso, deste
espaço semanal, também está sofrendo as conseqüências da desgraça que nos
atemoriza.
Os campeonatos foram suspensos, os jogadores entraram em
recesso e os profissionais das comissões-técnicas devem estar aproveitando a
quarentena forçada para planejar o futuro.
Sim, existirá um futuro.
Não se sabe quando, nem como e com quantos sobreviventes ao
caos. Mas que haverá um futuro não resta dúvida.
Pois que dirigentes, de clubes e entidades federativas, e profissionais qualificados que atuam em uma das atividades mais rentáveis do mercado de lazer e esporte aproveitem o tempo para repensar o futebol.
Estudem um novo calendário e uma nova fórmula de disputa de torneios que não marginalizem os pequenos clubes.
Aqueles pobres clubes, como o centenário Rio Branco, de
Paranaguá, por exemplo, que dispensou a todos e desfez o time antes de o
Campeonato Paranaense ser concluído.
Simplesmente ele não possui recursos para sobreviver a
crise, pois só tem o Estadual para jogar e, mesmo assim, durante apenas três
meses.
Não seria mais lógico e, sobretudo, mais responsável estabelecer um calendário anual de atividades para os pequenos clubes ?
Aqueles que não possuem jogos programados para os campeonatos nacionais ou continentais, deveriam ser assistidos pelas federações estaduais com competições mais extensas e que motivassem os seus simpatizantes, dentro dos seus próprios limites, no lúdico mundo do futebol.
Leia Também:
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...