Futebol é cruel com VAR errando e muitos técnicos caindo
O futebol brasileiro afunda-se em hipocrisia. Ou seria o país inteiro em todas as atividades públicas e privadas? Atitudes oportunistas, moralismo de ocasião, a tradicional e interminável corrupção de políticos e governantes, insinuações levianas, enfim, um cenário tenebroso em meio a pandemia do coronavírus, que provocou terrível colapso econômico e social no planeta inteiro.
Bem, fiquemos com o futebol nosso de cada dia que é, afinal de contas, o tema desta coluna. Cartolas, técnicos, jogadores e a mídia esportiva de maneira geral não se entendem em diversos temas. Começou com a medida provisória assinada pelo Presidente da República que tumultuou as relações entre clubes e redes de televisão com contratos em vigência para a transmissão dos jogos.
Temos o caso surrealista do Athletico, cuja maioria das partidas não é mostrada em nenhum canal. Como o clube insiste em não aceitar a proposta da Rede Globo para a exibição dos seus jogos no canal pago, está mergulhado em grave erro de marketing. Seus torcedores, associados e patrocinadores são os grandes prejudicados pela ausência do Furacão na tevê.
O VAR, que deu certo na maioria dos países importantes no mundo futebolístico, continua provocando dores de cabeça no Brasil. É impressionante a incapacidade da arbitragem nacional, seja dentro de campo ou fora, apesar dos apetrechos tecnológicos colocados à disposição dos árbitros de cabine.
O gol de Luciano, para o São Paulo, no jogo com o Atlético-MG, foi absolutamente legal. Basta a primeira revisão para constatar que o jogador estava, rigorosamente, na mesma linha do penúltimo defensor, portanto sem impedimento para a conclusão da jogada. Mas o gol foi anulado, o São Paulo ficou emocionalmente abalado e acabou goleado.
O VAR deixa os árbitros e bandeirinhas inseguros ao mesmo tempo em que consegue cometer equívocos mesmo com tanta tecnologia. O goleiro Gatito Fernandez, do Botafogo, irritado com os gols anulados na partida com o Internacional, depois do jogo chutou o aparelho de televisão colocado ao lado do gramado para a consulta dos apitadores. Outro dia, um jogador do Santos marcou o gol e foi direto para a frente do televisor berrando: “Anula agora! Anula!”.
Já passou da hora de a Comissão de Arbitragem da CBF se manifestar de maneira clara e objetiva antes da desmoralização do moderno recurso criado para o aperfeiçoamento da interpretação das regras do futebol.
Outro drama cruel do Campeonato Brasileiro é a sucessão de técnicos que perdem o emprego. Praticamente, é dispensado um treinador por rodada. O último foi Roger Machado, do Bahia; o primeiro foi o português Jesualdo Santos, do Santos, pois, pois.
A dupla Atletiba também não se fez de rogada e por conta de suas decepcionantes campanhas mandou embora Eduardo Barroca, do Coritiba, e Dorival Junior, do Athletico.
Este é o retrato pronto e acabado da falta de planejamento dos clubes e ausência de conhecimento profissional no momento da escolha dos comandantes de campo. Ou, por outra, o futebol brasileiro está recheado de incompetentes operando em cargos estratégicos na gestão dos times.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...