Carneiro Neto

Futebol brasileiro parou no tempo. Estaduais revelam a mediocridade no início da temporada

Por
Carneiro Neto
24/01/2020 14:39 - Atualizado: 29/09/2023 23:15
Futebol brasileiro parou no tempo. Estaduais revelam a mediocridade no início da temporada
| Foto: Luiz Felipe Max/Gazeta do Povo

Os campeonatos estaduais refletem, claramente, a grande distância que marca o atual futebol brasileiro e o futebol europeu. Não foi por acaso que o Flamengo foi derrotado pelo Liverpool, na final do Mundial de Clubes, no Qatar.

Tem sido assim nos confrontos entre os campeões continentais da Europa e da América do Sul. No passado era ao contrário: os sul-americanos é que ficavam com a taça.

Os campeonatos estaduais sub-existem apenas como ferramenta
política da CBF com as federações estaduais, nada mais do que disso. Federações, aliás, anacrônicas e completamente superadas em
termos de criatividade, organização e capacidade para realizar grandes
torneios.

Com a Globo pretendendo diminuir os prejuízos, alguns estaduais, como o Paranaense desta temporada, deixaram de ser exibidos, aumentando o desgaste financeiro e falta de prestígio para todos.

O futebol brasileiro parou no tempo e no espaço. Continua apenas sendo fonte reveladora de bons jogadores. Alguns poucos ótimos, que servem apenas para confirmar a regra.

Pela falta de estrutura geral em nosso país – Governos
deficientes, organização do Estado superada, classe política desmoralizada, o
sucesso da operação Lava Jato, corrupção, etc. – os jogadores estão indo embora
antes de completar 18 anos. Tem menino partindo para o exterior com 13, 14 anos,
pois os clubes de fora descobriram que, além de lapidar o futebolista,
tornou-se importante formar o homem.

Messi, por exemplo, foi para o Barcelona ainda garoto e deu
no que deu.

As diferenças começam porque os grandes clubes europeus são
administrados por profissionais especializados e extremamente competentes,
inclusive alguns ex-jogadores de nível profissional e cultural notórios. Coisa
que não acontece no Brasil.

Os clubes nacionais são dirigidos por cartolas despreparados
e, não raras vezes, irresponsáveis na gestão financeira deixando quase todos à
beira da falência.

Os nossos ex-jogadores tem se revelado culturalmente extremamente
básicos e despreparados para as exigências na função de CEO.

Até os profissionais formados em escolas especializadas com
cursos de preparação também, em sua maioria, não conseguem apresentar as
qualificações exigidas para o desempenho do cargo.

Os próprios treinadores brasileiros estão colocados em
cheque diante da estagnação tática e técnica dos nossos times.

Outro aspecto que torna o futebol europeu muito superior são
a organização e os orçamentos, produto não apenas de arrecadações sempre compensadores
nos estádios e pelas verbas da televisão, mas, principalmente, de
patrocinadores importantes, além de marketing bem elaborado.

Seus estádios, proporcionais às cidades onde se encontram,
com média de público nunca inferior à metade de sua capacidade, revelam luxo e
conforto proporcionando aos seus associados mais sofisticados, que pagam caro
por camarotes, poltronas estofadas e mordomias em geral. Em praticamente todos
os estádios existe um, ou em alguns casos mais de dois, restaurantes
finíssimos, que servem durante os espetáculos.

Os calendários são inteligentes e permanentes, o que permite
a venda antecipada dos ingressos, inclusive com descontos pela fidelidade do
sócio.

Por tudo isso, vendo a mediocridade dos campeonatos estaduais que abrem o ano esportivo não é difícil constatar que o futebol brasileiro está muito atrasado.

Veja também:
Após recordes seguidos, torcida do Athletico atinge marca histórica no século
Após recordes seguidos, torcida do Athletico atinge marca histórica no século
Casas de apostas legais no Brasil: Entenda o que muda com a nova regulamentação
Casas de apostas legais no Brasil: Entenda o que muda com a nova regulamentação
Fifa divulga ranking de seleções de novembro; veja o top-10
Fifa divulga ranking de seleções de novembro; veja o top-10
Após coma, lutadora curitibana volta ao Brasil para seguir tratamento
Após coma, lutadora curitibana volta ao Brasil para seguir tratamento

Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...

+ Notícias sobre Carneiro Neto
Coritiba: crise na gestão do futebol é mais séria do que se imagina
Carneiro Neto

Coritiba: crise na gestão do futebol é mais séria do que se imagina

Contrastes da dupla Atletiba e decepções generalizadas no futebol brasileiro
Carneiro Neto

Contrastes da dupla Atletiba e decepções generalizadas no futebol brasileiro

Torcida do Athletico quebra recorde, empurra o time e respira aliviada
Carneiro Neto

Torcida do Athletico quebra recorde, empurra o time e respira aliviada

Futebol brasileiro parou no tempo. Estaduais reve...