Futebol brasileiro decaiu técnica e taticamente nos últimos anos
Demorou um pouco, algo em torno de dez anos, mas parece que a ficha caiu e a grande mídia esportiva nacional começou a reclamar do baixo padrão dos jogos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil, sem esquecer, é claro, do assustador baixo nível das arbitragens.
Não é por acaso que as novas gerações começaram a se desinteressar do futebol que se tornou, na maioria dos jogos, repetitivo, chato e modorrento.
Antigamente, no auge da seleção brasileira, ela e os nossos times atuavam com quatro ou cinco atacantes. A seleção do Tri contou com Jairzinho, Tostão, Pelé, Gerson e Rivelino na linha de frente, enquanto que no Tetra jogamos com apenas dois atacantes – Romário e Bebeto – ou no Penta — Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho —.
Eram as concepções estratégicas dos treinadores nas suas épocas, pois Zagallo liberou geral enquanto Parreira e Felipão foram mais cautelosos.
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Hoje em dia, mesmo com cinco atacantes, como aconteceu com o Athletico no segundo tempo, domingo, a derrota para o esforçado Bragantino foi inevitável pela ausência de jogadas trabalhadas, tabelinhas, profundidade ou bolas cruzadas da linha de fundo.
O novo normal é o cruzamento ao lado da área, que equivale ao velho chuveirinho, facilitando o trabalho dos zagueiros que ficam de frente para a bola.
Ah que saudade do ataque do Coritiba com Flecha, Leocádio, Kruger, Zé Roberto e Aladim ou do ataque do Athletico com Capitão, Lino, Washington, Assis e Abel.
Futebol brasileiro, calendário e CBF
O competente treinador Abel Ferreira, do Palmeiras chamou a atenção para a queda da qualidade técnica do nosso futebol. Basicamente porque os treinadores não conseguem treinar ou testar novas táticas, pois o calendário é quase desumano.
Enquanto, por exemplo, o Manchester City chegou as finais de todos os torneios disputados e atuou 63 vezes na temporada, aqui os principais times, que foram obrigados a jogar os anacrônicos campeonatos estaduais e, agora, disputam três competições paralelas já cumpriram mais de 40 partidas na metade do ano.
Sem comando inteligente na CBF e nos clubes e sem um calendário racional tornou-se inevitável a chatice do futebol em nosso país.
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Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...