A realidade do futebol brasileiro. Quem aprecia o bom jogo, que se dane
Confesso que, como a maioria dos amantes do futebol, preparei-me para assistir a grande final da Copa Libertadores América entre os times brasileiros Santos e Palmeiras. Que decepção!
Duas equipes tensas, amarradas, mais preocupadas em não sofrer o gol do que marcá-lo, enfim um espetáculo muito abaixo do esperado com nível técnico beirando a mediocridade. Será que o nosso futebol anda tão mal mesmo?
Claro que não estou me reportando aos 7 a 1 aplicados pela Alemanha, no Mineirão, e muito menos as decepcionantes participações e consequentes eliminações da seleção brasileira nas últimas quatro Copas do Mundo.
A preguiça e a indisciplina que assinalaram aquela seleção de craques na Copa da Alemanha, em 2006, calou fundo na alma do torcedor que ainda sou. As más atuações nas três copas seguintes não surpreenderam, pois o padrão técnico do futebolista brasileiro caiu bastante e nem mesmo o badalado Neymar consegue aproximar-se um pouco dos grandes pentacampeões mundiais de 2002. Será que um dia Neymar alcançará a glória de Ronaldo, Ronaldinho, Rivaldo e outros?
Não discuto o título ganho pelo Palmeiras, que reuniu méritos sem dúvida. Até porque cumpriu a melhor campanha e soube tirar proveito da quebra de atenção do time do Santos na estrambólica expulsão do técnico Cuca que resultou no gol da vitória logo a seguir. O que discuto é a qualidade técnica do momento. Vejam o improvável líder Internacional e a realidade do futebol brasileiro.
Também não desejo tirar o mérito do Inter caso ele se consagre campeão, afinal, tem mostrado aplicação, disposição e sabido tirar proveito das deficiências dos adversários. Mas está distante de ser um conjunto empolgante, que mostre um estilo de jogo arrebatador ou algo semelhante.
É isso que tem faltado aos nossos times: arte. Aquela arte, aquela descontração que fez dos nossos principais jogadores adorados em todo o planeta como verdadeiros artesãos da bola.
Hoje em dia o futebol é mal jogado, mais quebram a bola do que fazem jogadas mirabolantes e o que prevalece é o culto da celebridade. Não importa mais a beleza do espetáculo, só conta vencer, somar os três pontos, pegar a taça e faturar milhões de reais.
Quem não torce, mas aprecia o futebol bem jogado que se dane.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...