Na fusão entre Athletico e Paraná, que não houve, nasceu o ovo da serpente
Para quem não sabe, ao assumir a presidência do Athletico pela primeira vez, em 1995, Mario Celso Petraglia tentou promover uma fusão com o Paraná Clube e, algum tempo depois, com o Coritiba.
Antes de iniciar a reconstrução atleticana ele pretendia vencer etapas. Como se sabe, as tratativas não evoluíram e cada um continuou cuidando da própria vida.
No caso atleticano, processou-se verdadeira revolução de métodos, conceitos, edificações patrimoniais, reestruturação do futebol, etc.; o Coritiba estagnou administrativa e tecnicamente nos últimos anos e o Paraná entrou em colapso com a lamentável e humilhante queda para a Série D, o equivalente à quarta divisão do futebol brasileiro.
Como participei da reunião que tratou da tentativa de fusão entre Paraná e Athletico – no escritório da revenda de automóveis do empresário e conselheiro do Pinheiros, e depois do Paraná, deputado Erondy Silvério – posso contar.
Foram convidados seis representantes de cada clube, sendo que do Paraná compareceram três ex-pinheirenses e três ex-colorados. Após duas horas de conversa e longa exposição de Mario Celso Petraglia sobre seus planos de realização, os três pinheirenses declararam-se favoráveis à fusão, porém os três colorados foram contra.
Ali, com a flagrante divisão de pontos de vista entre vermelhos e azuis, na fusão que não houve, nasceu o ovo da serpente que no curso dos anos fez tanto mal ao Paraná.
Nunca mais eles se entenderam e acabou o tradicional rodízio
entre pinheirenses e colorados na presidência, agravando a crise do Tricolor
com o passar do tempo.
O novo clube foi perdendo milhares de associados, dinheiro mal aplicado, deterioração administrativa, endividamento, má gestão e impressionante perda patrimonial, afastamento de dirigentes e conselheiros importantes, decadência do time de futebol que não ganha nenhum título há muitos anos e agora amarga esse vexame histórico.
O trabalho da nova diretoria recém eleita, liderada pelo
presidente Rubens Ferreira, o Rubão, será gigantesco para recuperar a
debilitada instituição.
Terá de começar do marco zero, promovendo inevitável limpeza
geral do piso ao teto e, sobretudo, providenciar uma associação com algum grupo
de empreendedores voltado para investimento no mercado futebolístico.
Sem isso, será praticamente impossível devolver o Paraná ao lugar que ele merece no cenário esportivo nacional.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...