Opinião

Fracasso do Palmeiras é mais um sinal de alerta no futebol brasileiro

Por
Carneiro Neto
12/02/2021 18:00 - Atualizado: 29/09/2023 20:08
Palmeiras deixou o Mundial com duas derrotas e nenhum gol marcado
Palmeiras deixou o Mundial com duas derrotas e nenhum gol marcado | Foto: Reprodução

Falam muito do suplício de Sísifo, condenado a carregar eternamente uma imensa pedra até o alto de uma colina e obrigado a recomeçar todos os dias, porque a pedra rola ladeira abaixo.

Usa-se a história da mitologia grega, repercutida filosoficamente pelo escritor Albert Camus, para caracterizar os esforços que se tornam inúteis por serem intermináveis.

Vá lá se saber porque fiquei pensando no sofredor Sísifo ao acompanhar o vexame do Palmeiras no Mundial de Clubes disputado no Catar.

Ocorre que o fracasso do Palmeiras é mais um sinal de alerta para o futebol brasileiro que, lamentavelmente, está se acostumando a perder decisões importantes.

Antes que isso se transforme no novo normal, precisamos iniciar um trabalho de recuperação da arte, do talento e, sobretudo, do caráter de competidor dos jogadores brasileiros.

Não, não estou me reportando aos humilhantes 7 a 1 impostos pela Alemanha, pela Copa do Mundo de 2014.

Aquele jogo talvez tenha sido apenas um desastre ocasional. Porém, como a seleção brasileira vai completar 20 anos sem um título mundial e os nossos representantes que se tornaram campeões da Copa Libertadores da América vêm decepcionando em suas participações no Mundial de Clubes disputado todo ano.

Basta recordar que o último título mundial de uma equipe brasileira foi com o Corinthians, na final frente ao Chelsea, da Inglaterra, em 2012. Portanto, há tempos nada de comemoração.

Se bem que o Flamengo perdeu com dignidade para o Liverpool, na prorrogação da final de 2019.

Antes, o Internacional foi o primeiro campeão sul-americano que não chegou à final ao ser eliminado pelo improvável Mazembe, da República do Congo.

Mais adiante, o Atlético Mineiro conseguiu ser eliminado pelo Raja Casablanca, do Marrocos. Agora, o Palmeiras realizou a façanha de ser derrotado pelo Tigres, do México e o Al Ahly, do Egito.

O campeão foi o Bayern de Munique, mesmo sem apresentar um futebol de alto nível técnico. Antes, pelo contrário, o time alemão jogou na conta do chá apenas para levantar mais uma taça em sua vitoriosa temporada.

Futebol brasileiro, assim como o país, precisa de uma reforma geral

O futebol brasileiro está precisando de uma reforma geral. Do piso ao teto. Como o país no todo, afinal não temos um projeto de recuperação e desenvolvimento para o Brasil há muitos anos.

Os presidentes da República vão se sucedendo e assistimos apenas à repetição dos mesmos vícios, métodos, incompetência e deficiências administrativas.

Mas, como o tema deste espaço é o esporte, fiquemos com a alarmante crise gerencial e técnica que corrói as estruturas do futebol brasileiro.

Não é à toa que os campeonatos se arrastam com padrão técnico abaixo do razoável, a renovação dos dirigentes, treinadores e jogadores é decepcionante e o nível da arbitragem nacional beira a indigência.

Qualquer coisinha e o homem do apito apela para o VAR que, por incrível que pareça, também tem conseguido errar em lances comezinhos.

No caso das regras é bom salientar que a International Board, órgão da FIFA responsável pelas mudanças, literalmente pisou na bola ao mudar as interpretações do pênalti – mão na bola, bola na mão – e do impedimento – onde atualmente um beiço ou um dedo já servem para a anulação da jogada.

Em vez de melhorar, a FIFA atrapalhou demais o andamento das partidas que se tornaram confusas, irritantes e sem graça.

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Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...

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