Excessivo uso do VAR desgasta o futebol brasileiro
Está na cara que o mau uso do VAR está diminuindo, significativamente, o interesse do torcedor pelo futebol.
Claro, o excessivo uso do VAR desgasta o futebol brasileiro, porque na Europa o juiz dentro do campo não abriu mão da sua autoridade e muito menos das suas prerrogativas.
Tanto que raras vezes em uma partida nos campeonatos europeus o apitador central recorre ao vídeo. No máximo, ele ouve os comentários pelo foninho no ouvido e, via de regra, confirma a sua interpretação em cada lance.
Apenas raramente a gente observa o homem do apito ir à telinha colocada a margem do gramado para tirar algum tipo de dúvida.
Aqui, ao contrário, o árbitro de campo praticamente se tornou um omisso, transferindo toda a responsabilidade para a cabine onde estão os assistentes com todos os recursos tecnológicos colocados à sua disposição.
Já passou da hora de a Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol chamar a atenção dos apitadores para reorganizar as relações entre o gramado e a cabine.
Afinal, a designação VAR – Vídeo Assistant Referee – diz tudo: imagem para o assistente do juiz ajudá-lo nos lances duvidosos.
Simples assim.
Mas como quase tudo no Brasil é diferente, invariavelmente para pior, o VAR está dando dor de cabeça e tirando a graça do futebol.
Não passa uma rodada dos torneios nacionais sem o registro de algum tipo de reclamação contra a omissão do árbitro de campo ou a interpretação dos árbitros da cabine repleta de telas, alta tecnologia e outros babados.
Se o trio de campo – árbitro e bandeirinhas – fosse efetivamente preparado, técnica e psicologicamente, certamente interpretaria as ocorrências como sempre aconteceu em jogos de futebol através dos tempos, sem recorrer a todo momento a sentença eletrônica que frustra jogadores, torcedores e telespectadores que não raras vezes aguardam até mais de 5 minutos por uma simples olhadinha na tela do vídeo.
Agora a CBF decidiu liberar os áudios com os diálogos mantidos entre o homem do apito dentro do campo com a equipe de analistas de vídeo na cabine central.
Não deixa de ser uma tentativa de mostrar transparência ao respeitável público em geral e aos técnicos e dirigentes dos clubes em particular.
Mas só isso não vai aplacar a ira dos que se irritam constantemente com as decisões contraditórias que têm mudado os resultados das partidas e praticamente de todas as competições disputadas em nosso futebol.
Será que é tão difícil o árbitro brasileiro comportar-se como a maioria dos árbitros europeus, que só recorre a engenhoca do VAR em último caso ?
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...