Os dirigentes erram, os jogadores se omitem e os treinadores pagam a conta
O Campeonato Brasileiro nem bem começou e já observamos a decapitação dos técnicos, que se tornou tradição em nosso decadente futebol.
Decadente porque os escândalos registrados na cúpula da CBF, o calendário anual mal formulado pela entidade, a insegurança dos treinadores, a queda do padrão técnico das últimas gerações de jogadores, acabaram nos empurrando para baixo.
O resultado é que a seleção pentacampeã mundial não consegue chegar a uma final há cinco copas e os nossos clubes esqueceram do último que conquistou o título de campeão do mundo.
+ Confira a tabela completa do Campeonato Brasileiro
Ser muito bom no que se faz não é nunca errar. Os equívocos na avaliação dos profissionais no momento de formar uma comissão técnica ou renovar o elenco de jogadores são normais. Mas não podem exceder os 20% porque daí em diante compromete todo o planejamento para o ano futebolístico.
E os dirigentes dos principais clubes têm se excedido no direito de errar. Alguns se tornaram profissionais e consequentemente mais sensíveis ao canto da sereia de agentes e empresários de jogadores, daí um certo excesso de gastos sem que os resultados prometidos apareçam dentro de campo.
+ Leia as colunas de Carneiro Neto no UmDois
Os técnicos mais experientes e famosos sofrem o processo natural de desgaste, além do próprio cansaço após tantos anos na ribalta e, obviamente, com a situação financeira resolvida para o resto da vida. E a nova geração de técnicos tem deixado a desejar, com raras exceções que apenas servem para confirmar a regra geral.
Mais grave, a meu ver, é a diminuição da quantidade de bons jogadores formados na base dos clubes. Mal orientados, sem educação formal, muito requisitados e ganhando uma fortuna, os novos jogadores se apresentam indiferentesàa realidade do futebol moderno.
Eles se limitam a cumprir as determinações do treinador, ao contrário das vitoriosas gerações anteriores que nos brindavam com craques criativos, fora de série e, por isso mesmo, campeões mundiais pelos seus times ou pela seleção brasileira.
A ousadia individual do jogador, quando bem canalizada, dribla a prancheta dos técnicos. O talento cria o espaço e acha o tempo para ser explorado. Mas o que se vê na maioria dos atuais jogadores é a omissão ou falta de ousadia para fazer diferente. Certas características psicológicas fazem mais falta do que recursos técnicos.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...