Opinião

Deus criou Pelé. E agora o chamou de volta!

É preciso, infelizmente, ter mais do que 50 anos para lembrar dos jogos transmitidos exclusivamente pelo rádio.

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Pois foi exatamente a chamada geração do rádio que mais se emocionou e vibrou com os relatos dos prodígios realizados por Pelé.

Pouco depois viria a televisão – a Copa do Mundo de 1970 foi a primeira a ser mostrada ao vivo no Brasil – e dali em diante nunca mais se pôde imaginar os acontecimentos apenas através das palavras.

O auge do maior jogador de todos os tempos – eleito o Atleta do Século XX, homenageado em Paris – deu-se naqueles doze anos mágicos entre a sua estréia na seleção brasileira, na conquista do título de campeão mundial, em 1958, na Suécia, e a consagração do tricampeonato mundial, em 1970, no México.

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Até os ingleses foram capazes de descer de seu orgulho característico, de seu orgulho de inventores do futebol, para se curvarem em admiração ao futebol brasileiro.

Cunharam a expressão “beautiful game” para designar o estilo brasileiro de jogar.

Mas não foram só os ingleses, pois o planeta inteiro não se cansou de aplaudir a leveza e a arte do nosso time nacional.

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Eram os inesquecíveis tempos de Pelé e sua corte.

No time do Santos – bicampeão mundial de clubes – ou na seleção – tricampeã mundial – com o Rei do futebol sendo coadjuvado por gênios da bola como Garrincha, Didi, Nilton Santos, Zito, Gerson, Tostão, Rivellino e outros.

Diante do sucesso dessa geração de ouro o futebol europeu procurou novos caminhos para melhorar o seu rendimento.

Procurou-se algum jogador que se aproximasse de Pelé que, nos países mais desenvolvidos, possuísse o que eles deram o nome de “racional abstrato”.

Ou seja, a indução e a dedução simultaneamente.

Tudo porque Pelé antevia a jogada, tanto que cansou de tabelar a bola contra as pernas dos adversários.

O atleta normal, com aceitável nível técnico para equipes profissionais, vê a jogada, procura lançar a bola para o companheiro, tocá-la no vazio esperando a reação do companheiro, tentar o drible ou a finalização para o gol.

O supercraque antevê a jogada, levando enorme vantagem, pois percebe a direção da bola e qual seria a possibilidade de reação do marcador.

Pelé tinha notável inteligência espacial e foi tema de diversas pesquisas, mais pela sua excepcional compleição física do que propriamente pelos seus inegáveis dotes técnicos.

Para alguns estudiosos europeus, Pelé foi um atleta perfeito, com uma inteligência e musculatura perfeitas, além de tecnicamente superdotado.

Simples, educado, atencioso e simpático, o mais celebrado jogador de futebol que existiu encantou multidões por onde passou em sua longa existência.

Ficaram os feitos, os gols e as glórias até o último dia de sua vida plena.

Deus criou Pelé. E agora o chamou de volta!

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