De futebol arte para futebol de resultado
Muitos jovens torcedores talvez resistam a acreditar que o futebol brasileiro já encantou o mundo.
Foi há muito tempo, é verdade, mais propriamente naqueles 12 mágicos anos entre o primeiro título mundial conquistado pela nossa seleção, em 1958, na Suécia, e o tricampeonato mundial, em 1970, no México.
Há 52 anos o ensaísta, poeta e cineasta italiano – que chegou a jogar futebol na juventude – Pier Paolo Pasolini, impressionado com a seleção brasileira que ganhou o Tri goleando a Itália na partida final, cunhou a distinção entre o “futebol de prosa”, europeu, e o “futebol de poesia”, brasileiro.
Futebol de poesia foi uma justa homenagem para reconhecer o talento e a criatividade daqueles jogadores que barbarizaram em todas as partidas, entre as quais, foram abatidos três campeões mundiais: Inglaterra, Uruguai e Itália.
Houve naquela época até uma discussão entre futebol romântico e futebol arte, seja lá o que isso representava.
A realidade é que os europeus invejavam o estilo de jogo dos brasileiros, tanto que na Copa seguinte, em 1974, a Alemanha apresentou um futebol moderno e, sobretudo, a Holanda encantou a todos com a sua “Laranja Mecânica”, mesmo sendo derrotada na final. O que, aliás, se repetiu na Copa de 1978 quando os holandeses perderam o título para a Argentina.
Pois bem, hoje não se pratica mais esse tipo de jogo, tanto que os últimos campeões mundiais de clubes e mesmo de seleções foram, basicamente, times de competição e não de firulas para encantar as plateias.
De futebol arte para futebol de resultado. E, para tirar qualquer dúvida, basta verificar as campanhas dos finalistas da Liga dos Campeões, Real Madrid e Liverpool.
Pura doação em campo em nome do objetivo a ser alcançado, com arte, dentro do possível.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...