Coronavírus ajuda o Athletico na Libertadores
A Copa Libertadores da América é troféu esportivo, mas
também cálice de tristes memórias.
Símbolo de desavenças cruciais.
Depois de três séculos de subjugação, entre 1810 e 1824, em
apenas 14 anos nasceram 16 países dos escombros do império espanhol.
A Europa, ainda absolutista, tentava curar as feridas das guerras napoleônicas e aqui no Novo Mundo o frêmito da libertação e da identidade trouxe a ideia do governo constitucional e republicano.
Trouxe também a irresistível vocação para a desintegração e
a secessão. Os sete libertadores amargaram esta incapacidade de seus povos para
agregar, entender-se e conviver.
O maior deles, Simon Bolívar – o general em seu labirinto de
frustrações – deve ter compreendido porque o brasileiro é diferente. Tornou-se
um Império em vez de Republica, o que veio mais adiante em meio a forte gripe
do Marechal Deodoro da Fonseca e as diatribes do Marechal Floriano Peixoto. O
resto é história.
Para homenagear os libertadores da América do Sul na década
de 1960, seguindo os passos do futebol europeu com a criação da Liga dos
Campeões na metade dos anos 1950, foi criada a Taça, depois Copa Libertadores
da América.
Bela homenagem em um torneio esportivo movimentado e
atraente sob todos os aspectos.
Nesta temporada, pela primeira vez na história, a competição
teve uma rodada adiada e poderá ter outras, dependendo do comportamento da
pandemia do coronavírus.
Uma provação para a humanidade e, sobretudo, para a alta
tecnologia que predomina nos países mais desenvolvidos. Um vírus desafiando a
inteligência e a capacidade de sobrevivência do homem.
Mais uma vez a humanidade é posta a prova e, desta feita, em
escala mundial.
Vamos sair desta, não resta dúvida, afinal como disse
Shakespeare “Somos feitos do tecido de que são feitos os sonhos”.
E a conquista do título de campeão da Copa Libertadores da
América passou a ser um sonho do Athletico.
Sim, é justo que assim seja, afinal o El Paranaense já
conquistou os outros troféus mais importantes que disputa: Campeonato
Brasileiro, Copa Sul-Americana e Copa do Brasil.
Desta feita, o Furacão foi ajudado pelo coronavírus, pois precisa de tempo para recompor o time que foi desmanchado na virada do ano.
Por mais que o técnico Dorival Junior tenha o domínio do
elenco e o conhecimento da sua potencialidade, ainda não conseguiu padronizar o
sistema de jogo.
Na partida com o esforçado Colo-Colo, em Santiago, o time
paranaense poderia ter alcançado melhor sorte se não fosse ansioso e confuso.
Especialmente nas finalizações.
O time ainda está em formação, compreende-se, tanto que a
ausência de um eficiente ala direita e um meia de ligação talentoso, que pelo menos
consiga lembrar a arte de Bruno Guimarães, são os seus pontos mais fracos.
Os demais estão se superando e tudo é uma questão de entrosamento, ritmo e tempo. Tempo precioso que Dorival Junior ganhou com o adiamento da partida com o Jorge Wilstermann, nos altiplanos da Bolívia.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...