Conmebol patrocina triste espetáculo que submete torcedores de Flamengo e River ao sofrimento
A decisão da Conmebol de programar a final da Copa
Libertadores da América para uma sede neutra foi mais um tentativa de o pobre
futebol sul-americano tentar copiar o milionário futebol europeu.
Acabou se constituindo numa decisão atrapalhada, pois além da falta de equilíbrio político, social e de infraestrutura do nosso continente, não existe clima para esse tipo de experiência.
Com o Chile em chamas, por estar vivendo mais uma das
tradicionais e intermináveis crises políticas dos países que compõem este subcontinente,
o jogo inicialmente marcado para Santiago foi transferido para Lima.
O Peru, pelo menos, parece estar experimentando um período de calmaria política com o fechamento dos seus Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal.
O problema é o sofrimento a que foram submetidos os
torcedores de Flamengo e River Plate para o deslocamento até Lima.
Tudo porque a América do Sul é enorme e as capitais dos países são muito distantes. Além, é claro, da deficiente infraestrutura de transporte entre os países.
Torna-se até ridículo tentar comparar as alternativas de
transporte entre o continente europeu e o nosso. Não possuímos nem trens
decentes, quanto mais estradas em boas condições nos altiplanos da Cordilheira
dos Andes.
Então, em vez de dois jogos festivos – um no Rio de Janeiro e outro em Buenos Aires – sem sacrificar o torcedor, a Conmebol patrocinou o triste espetáculo que estamos contemplando há dias. Mas não é só isso.
Basta observar as dificuldades enfrentadas pelos nossos principais times em comparação com a organização de alguns proeminentes clubes europeus como os da Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha, França, enfim de toda a Europa central. Essas agremiações nos remetem ao Terceiro Mundo do futebol.
Poderiam ser divididas entre as sociedades anônimas –
portanto empresas – que diversas são, nas quais os interesses dos acionistas é
permanentemente considerado, inadmitidos os prejuízos que derrubam administradores
ou diretores; ou simples sociedades civis, sem fins lucrativos, dirigidas por
sócios eleitos, tal como sucede no Brasil.
Nos dois casos, porém, as diferenças a nós são abismais.
Enquanto os clubes europeus são dirigidos por profissionais
altamente qualificados – via de regra administradores do mercado de trabalho, ex-jogadores,
ex-dirigentes amadores com boa formação ou ex-técnicos de futebol -, os nossos
continuam sendo gerenciados por cartolas fanfarrões que enterram as finanças
dos clubes ao sabor de suas paixões e, sobretudo, dos equívocos de gestão.
Não dá mais para continuar brincando de fazer futebol dentro
deste modelo de Conmebol, CBF e federações estaduais.
O caminho é a aprovação da lei do futebol sociedade anônima, reservando o direito ao clube que deseja continuar apenas recreativo, como parece ser o caso de alguns grandes do eixo-Rio São Paulo.
Com marcos regulatórios modernos, calendários anuais profissionais e humanos, e a criação das Ligas para substituir as anacrônicas entidades que atrasam o desenvolvimento do futebol sul-americano, que continua sendo apenas fonte geradora de matéria-prima de excelência para o Primeiro Mundo da bola.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...