Análise

Clubes não reagem contra a CBF e seu amalucado calendário que prejudica as equipes

Por
Carneiro Neto
27/09/2019 13:59 - Atualizado: 29/09/2023 23:22
Guilherme Della Dea (Sub-17), Tite (principal) e André Jardine (Olímpica), técnicos das seleções do Brasil.
Guilherme Della Dea (Sub-17), Tite (principal) e André Jardine (Olímpica), técnicos das seleções do Brasil. | Foto: Lucas Figueiredo/CBF

O comportamento da maioria dos clubes brasileiros em relação a CBF faz lembrar de passagem atribuída ao senador gaúcho Pinheiro Machado, eminência parda na Presidência do Marechal Hermes da Fonseca.

Conta-se que, ao se deparar com um bloqueio à saída de seu carro defronte ao Hotel dos Estrangeiros, no Rio de Janeiro, onde morava, Pinheiro Machado recomendou ao motorista: “Vá em frente, não tão lento que indique provocação nem tão rápido que signifique covardia”.

A ordem do condestável da República Velha parece ser norma para os clubes que pisam em ovos e aceitam tudo que parte da Confederação Brasileira de Futebol.

Na realidade, apenas Flamengo, Corinthians e Athletico Paranaense colocaram-se contra a nomeação do senhor Rogério Caboclo para presidente da entidade. A sua eleição não passou de um prolongamento da gestão de Marco Polo Del Nero que, por sua vez, foi herdeiro de José Maria Marin – ainda preso em Nova York –, produto do longo mandato de Ricardo Teixeira.

Ou seja, a mesma política de sempre com a impressionante e inexplicável conivência dos clubes.

Nem vou mais perder tempo em criticar a entidade pelo despreparo dos operadores do sistema VAR, que está ajudando a desmoralizar a já desgastada imagem da arbitragem do futebol brasileiro. O tema agora é outro: os torneios precisam ser interrompidos nas datas FIFA, como acontece nos países civilizados do mundo inteiro.

A mais nova convocação da seleção da CBF é uma oportuna ocasião para o futebol nacional discutir e enfrentar o maior de seus problemas: o calendário insano.

Por causa dos desinteressantes, deficitários e ultrapassados campeonatos estaduais o calendário virou uma balbúrdia. Já falei e já escrevi dezenas de vezes que não sou contra a realização de campeonatos estaduais, só que eles deveriam ser organizados apenas para os times que não possuem calendário nacional e internacional.

É simplesmente impossível promover uma pré-temporada decente para enfrentar os desafios do Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Copa Libertadores da América e Copa Sul-Americana com os três meses perdidos com a disputa dos anacrônicos estaduais.

Os estaduais não precisam acabar, mas devem receber um choque de racionalidade.

Com as datas antecipadamente reservadas pela FIFA para os seus eventos – torneios e partidas amistosas – não custa a CBF deixar de marcar jogos dos times nos mesmos dias.

O prejuízo técnico é muito grande, daí a chiadeira por causa dos dois próximos caça níqueis da seleção, tirando peças importantes das equipes que disputam os títulos do Campeonato Brasileiro e da Copa Libertadores da América.

Em 2020 a FIFA já informou as suas datas e a Conmebol já determinou que a Copa América será disputada de 12 de junho a 11 de julho.

A CBF que trate de adequar o seu amalucado calendário para não atrapalhar os filiados.

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Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...

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