Fracassos em Copas, sucesso de estrangeiros: técnicos brasileiros estão na berlinda
Desde que o espanhol Roberto Martinez surpreendeu com o desconcertante esquema de jogo da Bélgica, na eliminação da seleção brasileira na Copa da Rússia, os técnicos do futebol brasileiro estão em cheque.
Há uns vinte anos, o incansável Vanderlei Luxemburgo aproveitou a boa fase em que nadava de braçada no futebol brasileiro e falou em “nó tático” para explicar as ocorrências estratégicas de alguns jogos.
Luxemburgo, um campeoníssimo sem dúvida, acabou contratado
para dirigir o Real Madrid, mas teve vida curta no legendário time espanhol.
Por tudo o que aconteceu durante o primeiro tempo de Brasil e Bélgica na última Copa do Mundo dá mesmo para dizer que o selecionador nacional Tite levou um “nó tático”.
Demorou para recobrar os sentidos, até que a equipe
verde-amarela melhorasse o rendimento na etapa complementar, porém insuficiente
para mudar a história do placar.
O que restou foram as imagens da intensa movimentação dos
belgas em cima de um desarrumado sistema defensivo brasileiro. Lukaku, De
Bruyne, Hazard e outros deitaram e rolaram em campo.
Nem mesmo o triunfo na Copa América serviu para recuperar o
prestígio de Tite, que continua lançando novidades idiomáticas tais como
“faltou o externo desequilibrante” – ponta que dribla; “sinapse no último terço
do campo” – troca de passes perto da área adversária; “performar o resultado” –
ter um bom desempenho.
O “titês” continua sendo uma língua viva apesar das más apresentações da outrora seleção de ouro.
O problema é que os técnicos do futebol brasileiro estão na berlinda.
Assim como Tite, Felipão é outro que desgastou a imagem desde os 7 a 1 para a Alemanha, na Copa de 2014, e há pouco saiu por baixo do Palmeiras.
Outros tantos treinadores têm recebido críticas pelo trabalho incompleto ou pela simples dificuldade mostrada nos mais simples procedimentos na armação tática de uma equipe.
Claro que o sucesso do português Jorge Jesus e do argentino Jorge Sampaoli são, diariamente, esfregados na cara dos treinadores nativos.
Mas uma coisa não tem nada a ver com a outra, afinal até
outro dia os profissionais brasileiros eram respeitados e acatados.
Não conseguem atuar no primeiro mundo, é verdade. Talvez por formação intelectual deficiente em comparação, por exemplo, com os argentinos que abriram o mercado europeu há muitos anos.
Aos brasileiros são reservados os mercados mais simples,
como Ásia e Oriente Médio, entretanto eles não deixam de ficar ricos por isso.
Está aí, cheguei ao ponto: dezenas de técnicos de futebol brasileiros voltaram milionários do exterior, mas não conseguem mostrar trabalho de elevada categoria nos times.
Concordamos que faltam melhores jogadores, pelo êxodo
constante da matéria prima nacional, mas eles poderiam ser um pouco mais
criativos.
Até a nova geração de treinadores tem sofrido percalços, com a queima de diversos jovens como Eduardo Batista, Jair Ventura e outros que saíram de cartaz após curta temporada.
Em compensação, observamos com atenção o sucesso de Tiago Nunes, no Athletico; Renato Gaucho, no Grêmio ou Roger, no Bahia, alguns destaques da nova safra que surge.
Mas, de maneira geral, a maioria deixa a desejar.
Não são apenas os professores que desagradam, pois os dirigentes continuam fazendo troca-troca de comando técnico como se isso solucionasse a crise de gestão nos clubes, ou os árbitros e auxiliares que não se cansam de estragar os jogos. Tanto dentro do campo, como operando o VAR na cabine, a falta de capacidade é comovente.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...