Em tempos de quarentena, TV reprisa jogos do passado: o retrô da seleção em festas e cinzas
Em tempos de quarentena mundial os canais de televisão estão apresentando jogos do passado que deixaram saudades. Entre tantos, não poderiam faltar as conquistas dos títulos mundiais da seleção brasileira.
Ao assistir, em preto e branco, imagens do bicampeonato mundial 1958-62, as novas gerações podem contemplar a arte de lendas como Pelé, Garrincha, Didi e outros. Nos aproximamos daquele dia tão distante e tão próximo, quando ganhamos pela primeira vez – e sempre há uma primeira vez – a Copa do Mundo.
Com dez anos de idade ouvi a partida final pelo rádio. Todos estavam apreensivos, afinal o Brasil vinha da humilhação para os uruguaios no Maracanã em 1950 e do fracasso na Suíça em 1954. O retrô da seleção tem festas e cinzas.
A televisão se debruça sobre os títulos com toda razão. Ninguém vai ligar o canal para rever um fracasso do time nacional.
Mas se enaltecemos a organização, o trabalho e o esforço de todos os envolvidos até chegar ao inédito pentacampeonato mundial, devemos lembrar da vocação da seleção brasileira de perder ou ganhar.
Nem falo dos fracassos nos mundiais realizados em nosso país, se bem que o desconcertante 7 a 1 para a Alemanha em 2014 foi, potencialmente, muito mais vexatório do que a perda na final para o Uruguai.
Da mesma forma que chegou ao Tri, em 1970, com campanha exemplar no México, quatro anos antes teve o papelão na Inglaterra. Tudo por causa da falta de comando geral e a fragilidade do treinador Vicente Feola, desgastado pela saúde precária.
Sem esquecer do “oba!oba!” na fase preparatória quando a CBD chegou a formar quatro seleções. Fenômeno parecido, daí com a CBF, repetiu-se em 2006, na Alemanha.
A meu ver, a derrota para os veteranos franceses em 2006 foi mais dolorosa que a eliminação precoce em 1966 e até mesmo do que os 3 a 0 na final de 1998, em Paris.
Na Inglaterra a seleção do consagrado Feola estava em fase de transição, enquanto que na Alemanha a seleção da dupla Parreira-Zagallo manteve a base do Penta acrescida de talentos como Adriano, Robinho, Juninho Pernambucano, Zé Roberto e outros. O que faltou mesmo foi disciplina, dentro e fora de campo.
Em compensação, mesmo fazendo tudo certinho e contando com craques de primeira grandeza a seleção foi infeliz na Espanha, em 1982.
Se existem injustiças no futebol, os 3 a 2 para a Itália no Sarriá ficarão eternamente guardados no arquivo delas. E bastava o empate para o time de Telê Santana confirmar o favoritismo que ostentava até aquela tarde fatídica em Barcelona.
Voltando às equipes vencedoras, acredito que o Tri tenha representado o ápice do futebol brasileiro, enquanto que o Tetra veio graças ao empenho e o caráter de competidor dos jogadores que se superaram nos Estados Unidos.
O time do Penta foi disciplinado taticamente e alguns valores se sobressaíram de forma magnífica, como Cafu, Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e o surpreendente Kléberson, que consertou as deficiências do meio de campo nas partidas decisivas.
Boa sessão retrô a todos !
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...