Quem vai comandar o funcionário Petraglia no Athletico?
Na partida em que realizou a sua melhor apresentação nos últimos nove jogos – não por acaso foi a estreia do treinador Paulo Autuori -, mesmo saindo injustamente derrotado pelo Flamengo, pela Copa do Brasil, a bomba da noite foi detonada pelo presidente Mario Celso Petraglia.
Em nota virtual, o velho e famoso dirigente anunciou a vontade de afastar-se da presidência do Athletico e assumir o cargo remunerado de CEO.
CEO, para quem não sabe, quer dizer “Chief Executive Officer”: o topo da hierarquia empresarial. Ele propõe que o assunto seja analisado pela Assembleia Geral dos Sócios.
Claro que o assunto vai provocar muita discussão, muito pano para a manga, pois quem conhece Petraglia sabe que, mesmo nos períodos em que esteve fora da presidência, sempre foi ele que comandou o clube.
As exceções, com turbulência, foram os presidentes Ademir Adur, Marcus Coelho e Marcos Malucelli.
Os demais se transformaram em bonecos manipulados pelo dono do destino atleticano nesses 25 anos de transformações patrimoniais, esportivas e conceituais.
Convivi durante muito tempo com Mario Celso Petraglia e reconheço o seu talento administrativo e visão estratégica.
Entretanto, ele não é, por natureza, otimista. Convencido das fraquezas dos concorrentes e, com frequência, perspicaz em detectá-las, na maior parte da sua carreira nutriu desprezo pela maioria deles.
Um homem com ódios tão poderosos não consegue ser otimista, uma vez que é da natureza do ódio esperar o pior de todas as situações.
Ele é cético, obstinado, visionário e extremamente autossuficiente. Alimenta especial antipatia por todos aqueles que o contrariam, sejam adversários, companheiros de diretoria ou, sobretudo, homens da imprensa.
Realizador, aproveitou um grupo de excelentes colaboradores
nos primeiros cinco anos da revolução implantada no clube, para sedimentar o
terreno. Depois, ficou sozinho e navegou em águas turbulentas, vivendo
permanentemente em estado de tensão.
O resultado positivo está aí, porém o Athletico vive uma
encruzilhada do destino: necessita resolver a questão da Arena da Baixada com o
Governo do Estado e a Prefeitura de Curitiba, foi suspenso pela FIFA e só
poderá contratar novos jogadores na metade do próximo ano, o elenco formado
para esta temporada é tecnicamente fraco e claramente falta comando no CT do
Caju.
Adoentado, em vez de resignar-se e pedir licença simplesmente, resolveu propor a criação de um cargo remunerado para ele.
Faço apenas uma pergunta: Quem vai comandar o Petraglia empregado?
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...