O modismo e o fracasso dos técnicos estrangeiros no Brasil
Que os técnicos brasileiros de futebol estão com o prestígio abalado não resta dúvida. Ganham demais e produzem de menos. Os mais famosos tornaram-se autossuficientes, desatualizados e metidos a professores, deixando de lado o básico para o adequado rendimento dos times.
Ao mesmo tempo, entretanto, os sucessos do português Jorge Jesus, campeão brasileiro, e do argentino Jorge Sampaoli, vice-campeão, por Flamengo e Santos, respectivamente, devem ser depositados na conta das exceções. Historicamente a regra, com os treinadores estrangeiros, tem sido a curta duração e o fracasso.
O Santos gostou tanto da experiência que ao não conseguir segurar Sampaoli foi atrás de um português, o tarimbado Jesualdo Ferreira. Completam a relação de estrangeiros na Série A do Campeonato Brasileiro o argentino Eduardo Coudet no Internacional e o venezuelano Rafael Dudamel, aposta do Atlético Mineiro.
Tudo isso está acontecendo por causa do desgaste dos profissionais do país que acumulam maus resultados nos times e, sobretudo, na seleção brasileira nos últimos anos.
Com a revoada de bons jogadores para o exterior verificou-se natural decadência técnica das principais equipes nacionais. Com a queda do padrão de jogo e, consequentemente, dificuldades para ganhar títulos locais ou continentais, o desgaste tornou-se inevitável. E, pelos elevados salários, os medalhões foram colocados na geladeira.
Nem o campeão mundial Felipão conseguiu escapar da vala comum, para onde foram alguns famosos como Mano Menezes, Fábio Carille, Cuca e outros. Nem mesmo o vitorioso Tite tem sido poupado pela crítica diante das pífias apresentações da seleção brasileira que não consegue mais empolgar o grande público.
Mas o modismo atual não evita o retrospecto dos técnicosestrangeiros que fracassam por aqui.
Nos últimos vinte anos registraram-se passagens rápidas, pelos mais diversos clubes, com destaque aos conhecidos Daniel Passarela, que passou meteoricamente pelo Corinthians; Ricardo Gareca pelo Palmeiras; Juan Osório pelo São Paulo; Reinaldo Rueda pelo Flamengo e Diego Aguirre pelo São Paulo.
Curiosamente o clube que mais trouxe comandantes de fora neste século foi o Athletico Paranaense. Desde a experiência mal sucedida com o alemão Lothar Matthäus, em 2006 o Furacão tentou a sorte com o uruguaio Juan Ramón Carrasco, o espanhol Miguel Ángel Portugal e o português Sérgio Vieira.
Quem resolveu mesmo foi a revelação Tiago Nunes, que levou o time atleticano às conquistas da Copa Sul-Americana e da Copa do Brasil, tornando-o reconhecido pelo futebol moderno, ofensivo e vasto repertório de jogadas. A bola agora está com o experiente e capacitado Dorival Junior.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...