Futebol ameaçado pela politização do coronavírus no Brasil
A bola voltou a rolar na Alemanha, dentro de protocolos bem formalizados e com todas as cautelas para não prejudicar a saúde dos jogadores em meio à terrível praga do coronavírus.
No Brasil, entretanto, observa-se um grande debate entre heterodoxia e ortodoxia, misturando saúde pública com economia.
De um lado o Governo Federal, que adota postura heterodoxa em oposição às rígidas normas e padrões estabelecidos pela ciência no combate a pandemia. Entendem as autoridades federais que não se pode prejudicar a economia do país por causa do problema sanitário.
De outro lado, os Governos Estaduais se mostram ortodoxos, numa espécie de dogmatismo religioso de todas as ações no combate à peste, mesmo com o afundamento da economia em geral.
Situação difícil de ser resolvida, até porque só ao final dessa dramática experiência global se poderá promover uma avaliação justa e precisa da situação.
A medicina apanha diariamente e faz o que está ao seu alcance, mas a politização não ajuda em nada o processo. É bom lembrar que saúde e economia são coisas completamente diferentes.
Saúde é tudo, pois mexe com o maior bem da humanidade que é, em última analise, a própria vida.
Entretanto, a comunidade econômica internacional é predominantemente “mainstream” – palavra usada para designar uma metodologia de pesquisa que envolve provar teorias com uso da matemática.
De esquerda ou de direita, economistas de universidades de ponta de todo o mundo seguem esses passos.
Então, no caso presente, temos de um lado aqueles que defendem o menor risco para a população durante a pandemia e aqueles que preferem diminuir a rigidez da quarentena para que a economia volte a funcionar.
Mas não precisava haver tanto bate boca e tanto desgaste político em meio ao maior drama coletivo experimentado pela sociedade brasileira desde o colapso da Gripe Espanhola em 1918.
O populismo tem atrapalhado e a pesporrência de alguns políticos tem deixado o povo atônito.
O noticiário diário no rádio e na televisão transformou-se em tiroteio verbal entre os Três Poderes da Nação. Impressionante o que nos é dito e mostrado diariamente em meio ao drama da saúde universal.
Diante disso, não há nenhuma perspectiva para a volta do futebol em nosso país. Talvez, se a Conmebol conseguir criar protocolos e meios para reiniciar a Copa Libertadores da América e Copa Sul-Americana em setembro, a CBF siga os passos.
Entretanto, como o Brasil é um país continental, completamente diferente de todos os outros neste canto do planeta, os campeonatos estaduais poderiam voltar na região Sul, onde a pandemia está sob controle.
Mas não há prognóstico, pois o futebol continua ameaçado pela politização do coronavírus.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...