Brasileirão expõe carência de gestores e rodízio de técnicos estrangeiros
Além da surpresa que representa o trio Athletico, Fortaleza e Bragantino nas primeiras posições do Brasileirão, observamos um contraste: carência de gestores competentes e permanente rodízio de técnicos estrangeiros em nossos clubes.
Os gestores, que também atendem pelos nomes de CEO, supervisor, gerente ou diretor executivo, valem o quanto pesam pela falta de grandes profissionais. Os clubes tentam se modernizar, planejando melhor todas as
categorias de base e os times principais, mas esbarram na ausência de mão de
obra qualificada.
Basta comparar o número de especialistas em gestão com o de treinadores. Mesmo com os treinadores nacionais em baixa, perdendo flagrantemente terreno para os gringos, há uma longa relação de ilustres desempregados esperando o telefone tocar.
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Em relação aos técnicos importados, enquanto o trabalho do
argentino Juan Pablo Vojvoda é reconhecido no comando do Fortaleza, o fracasso
de Miguel Angel Ramírez fez o Internacional trocá-lo pelo seu velho conhecido
Diego Aguirre.
Enquanto o paraguaio Gustavo Morígino se equilibra com a campanha irregular do Coritiba na Série B, o português Abel Ferreira encara altos e baixos com o Palmeiras no Brasileirão. O título de campeão paulista deu fôlego ao argentino Hernan Crespo no São Paulo, assim como a excelente trajetória invicta do Furacão aumentou o cacife do português António Oliveira.
Acontece que a irregularidade técnica da maioria dos times brasileiros faz aumentar a impaciência de torcedores e críticos de uma forma geral. O que o pessoal não leva em consideração é a dificuldade dos treinadores e jogadores em manter níveis razoáveis de exibições dentro de um calendário absolutamente distorcido, por conta da pandemia do coronavírus.
Vejam, por exemplo, os desafios que o Athletico enfrenta ao disputar quatro competições ao mesmo tempo. António Oliveira tem operado verdadeiros malabarismos para manter a saúde física, técnica, tática e mental do elenco colocado à sua disposição.
Uma hora é jogo da Copa do Brasil, outra hora é partida pela Copa Sul-Americana ou compromisso com o prejudicado – por conta das maluquices da Prefeitura de Curitiba, que proibiu futebol na capital durante meses – Campeonato Paranaense, outro momento é jogar para manter a liderança invicta do Campeonato Brasileiro.
Haja fôlego !
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...