As belas imagens da Baixada e a falta de mensagem do Centenário
Quando entrei pela primeira vez no antigo estádio Joaquim Américo, em 1958, foi para ver uma vitória do Athletico, campeão paranaense daquele ano. Eu tinha dez anos de idade e o clube comemorava 34 anos de existência.
O tempo passou, depois vim morar em Curitiba e conheci o time que minha família amava. Apenas para registro, no primeiro jogo do Athletico, na vitória sobre o Universal por 4 a 2, em 1924, o lateral-direito era Lauro Carneiro de Loyola, apelidado de Bororó, primo do meu avô.
José Maria Carneiro de Loyola, o então famoso atacante Malelo, era outro oriundo do Internacional que se juntou ao América para formar o Athletico. Com cem anos de história podemos iniciar a nossa conversa sobre o Athletico, ou Furacão como todos gostam.
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As belas imagens da Baixada – sim, a velha e querida Baixada do Água Verde, pois Arena é coisa dos últimos tempos – com senhoras, moças e jovens atleticanos, nos deixaram emocionados. Mas ficou faltando a mensagem da comemoração do Centenário.
Será que a profissional diretoria do clube ainda não se tocou que ainda existem milhões de torcedores que torcem pelo time, esperam um ano festivo e, se possível, com a conquista de um título relevante.
Lamentavelmente, o futebol mudou muito nos últimos anos. Nem falo da falência ética e moral da Fifa, que virou uma multinacional mercantil, com especial atenção ao mundo árabe com os petrodólares. Toda hora tem uma final de campeonato europeu por lá.
Os escândalos que arrasaram a CBF – Confederação Brasileira de Futebol – continuam atrasando a nossa vida. Ora pelo esvaziamento da mística da seleção brasileira pentacampeã mundial, ora pela impossibilidade da criação de uma verdadeira e operosa Liga dos Clubes para tentar recuperar o que restou do futebol brasileiro.
Voltemos ao Athletico nosso de cada dia. Observando as imagens dos últimos jogos na Ligga Arena fiquei tocado com a paixão, amor e ilusão daquelas criaturas maravilhosas que ergueram os seus dedinhos para o céu, como fazem os jogadores quando atribuem a alguém lá no alto os méritos que julgam não merecer na comemoração de um gol.
Será que alguém, bem pago, tem sensibilidade e competência para atender esse povo no ano do Centenário?
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Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...