Athletico segue a vida sem Tiago Nunes. Será mantido o padrão? Ou virão incertezas?
No primeiro turno do Campeonato Brasileiro do ano passado o Athletico chegou a ficar em último lugar na classificação.
O então técnico Fernando Diniz entrou em um verdadeiro emaranhado de contradições ao tentar explicar o modelo tático adotado sob o manto da modernidade estratégica.
Passou mais tempo dando explicações sobre os fracassos da equipe atleticana, lamento melancólico e repetitivo, quase monocórdio sobre um trabalho que jamais funcionou.
O time circulava a bola em campo, mas não agredia o adversário e revelou-se vulnerável na retaguarda. Resultado inevitável: um rosário de derrotas que amarguraram todos os torcedores.
Não resistiu e caiu.
Com ele foi o homem forte do Furacão – Mario Celso Petraglia – que se revelou membro do fã clube do treinador contestado, e com um fim constrangedor na Arena da Baixada.
Petraglia anunciou que se afastaria do futebol, seguindo no comando central, em protesto pela incompreensão da maioria em relação ao seu técnico preferido.
O sistema do CT do Caju foi buscar nas categorias de base a solução. E encontrou em grande estilo: Tiago Nunes.
Jamais, na longa história do grande clube, houve um profissional tão bem sucedido na direção do time.
Simples, educado, cândido, mas com cínica determinação, Tiago Nunes em poucos dias de trabalho estabeleceu um novo tipo de relação entre o comando e os jogadores.
Ficou parecendo uma coisa à parte, sem interferências externas, que tanto atrapalharam a jornada atleticana nos últimos anos.
Muito pelo contrário, tudo começou a dar certo para alegria da torcida, começando pelo bicampeonato estadual com o time de aspirantes no confronto com as formações principais de todos os adversários.
Obviamente começaram a surgir revelações, que se tornaram importantes nos voos mais ousados que vieram a seguir.
Da mesma forma que jogadores irregulares ou inseguros foram recuperados. Demonstraram equilíbrio técnico e psicológico para bem servir o clube com elaborado trabalho de recuperação.
Os novos contratados, com padrão para alto rendimento, foram bem aproveitados pelo jovem orientador que logo conquistou a confiança e o respeito da torcida.
Nem mesmo o lamentável episódio do doping, que atingiu os jogadores Thiago Heleno e Camacho, por erro no método interno de preparação no CT do Caju, desviou o elenco dos seus objetivos.
Foram comemorados os títulos de campeão da Copa Sul-Americana no ano passado; da Copa Intercontinental no Japão e da Copa do Brasil nesta temporada.
O triunfo espetacular sobre o Internacional, na final do Beira-Rio, distinguiu Tiago Nunes e seus comandados de maneira histórica e inesquecível.
De repente, acabou o encanto.
A comissão técnica vitoriosa declarou-se desgastada pelo cotidiano interno e aceitou o convite do Corinthians.
Assim, o Athletico terá de seguir a vida sem Tiago Nunes.
Resta saber se conseguirá ser mantido o padrão estabelecido pelo vitorioso treinador que saiu.
Ou se voltarão os dias de incerteza da época em que o Furacão, apesar da estrutura clubística, não conquistava néris de pitibiriba.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...