Athletico provocou o discreto olhar da burguesia esportiva
As inevitáveis comparações entre os jogos da copa europeia de campeões que são apresentados pela televisão a tarde com os jogos das copas brasileiras e sul-americanas a noite merecem muito cuidado. Não dá para comparar a organização e o poderio econômico dos principais clubes europeus com os do nosso continente.
São diferenças históricas de formação dos povos, políticas, culturais, financeiras e simplesmente de raciocínio lógico, tanto nas atividades sociais quanto esportivas. Temos que admitir o nosso atraso e engolir os nossos péssimos e invariavelmente corruptos políticos. Claro que todas essas mazelas contaminaram os dirigentes do futebol, tanto que continuam expostos os escândalos que marcaram a gestão da CBF nas últimas décadas.
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Mas, em meio aos altos e baixos do futebol brasileiro, o Athletico provocou o discreto olhar da burguesia esportiva após conquistar o bicampeonato paranaense quase invicto e aplicar duas goleadas na largada da Copa Sul-Americana.
Como sempre foi tratado pela mídia esportiva nacional como um clube periférico, o Furacão tem marcado a sua presença com destaque nos últimos sete anos em que acumulou um bicampeonato sul-americano, uma final de Libertadores, um título e um vice na Copa do Brasil e demonstra força suficiente para ganhar alguma coisa importante nesta temporada.
A diretoria atleticana investiu pesado nas contratações e pelo que tudo indica conseguiu acertar na escolha dos executivos da nova administração, tanto que a própria mídia nacional já colocou os olhos sobre eles.
Mas, a meu ver, o grande personagem desse momento é o técnico Cuca que assumiu o time deixado em frangalhos tático, técnico e emocional pelo colombiano Osorio, reuniu a moçada, aplicou uma injeção de ânimo e confiança, arregaçou as mangas e ajeitou as coisas dentro de campo. Dos 6 a 0 sobre o Londrina aos 6 a 0 sobre o Rayo Zuliano foram apresentações convincentes, de muito empenho e com indicação de que a equipe pode render mais.
Agora, vira a chave da Sul-Americana e estreia no Brasileirão recebendo o Cuiabá, na Ligga Arena.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...