Aos 95 anos, o Athletico encerra o melhor ano da sua história
Aos 95 anos o Club Athletico Paranaense comemora o ano mais virtuoso da sua existência. Do mês de dezembro de 2018, quando sagrou-se campeão da Copa Sul-Americana – o primeiro título continental do clube e do próprio futebol paranaense -, até a conquista da Copa do Brasil nesta temporada, o time atleticano venceu o bicampeonato estadual com o time aspirante e conquistou a Copa Intercontinental J.League/Conmebol no Japão.
Com uma folha de pagamento relativamente pequena em
comparação aos grandes clubes brasileiros, mas com um elenco enxuto e muito bem
preparado o Furacão conseguiu fazer história.
Além das contratações bem avaliadas, da recuperação de
jogadores desgastados em outras equipes ou necessitando de amadurecimento desde
a saída da base, da promoção de revelações produzidas no próprio CT do Caju ou
descobertas através de olheiros, os profissionais do futebol usaram a pesquisa,
a tecnologia e a inteligência para a promoção de aquisições pontuais certeiras.
Um exemplo foi o avante argentino Marco Ruben que substituiu Pablo à altura entre o título da Copa Sul-Americana e os triunfos deste ano. Houve o caso do doping de Tiago Heleno e Camacho, que manchou o conceito do grupo de atuação no CT do Caju. Felizmente, os jogadores apenas cumpriram o período de suspensão e não sofreram prejuízos maiores no curso de suas carreiras.
Tiago Nunes foi o grande artífice dessa página bonita e inédita da longa experiência rubro-negra. Antes dele, todo o aparato de suporte já estava instalado, as contratações de técnicos e jogadores se sucediam, mas nada de títulos.
Somente depois da experiência com Paulo Autuori, o time conseguiu recuperar o título estadual, e foi criado um novo e moderno sistema de avaliação. Desse laboratório saiu o jovem Tiago Nunes que, com sua capacidade, percepção e liderança dentro do grupo de jogadores, finalmente conduziu o Athletico a outro patamar no concerto futebolístico nacional e internacional.
A sua única falha, a meu ver, foi ter seguido a superada
cartilha dos treinadores brasileiros de ouvir o canto das novas sereias nas
comissões-técnicas, incentivando-os a poupar jogadores, a rodar o elenco e
outras iniciativas absolutamente desmoralizadas pelo português Jorge Jesus.
Enquanto o Athletico e os demais colocavam em campo times
alternativos ou coisas do gênero, Jorge Jesus – como se faz na Europa com
grande sucesso – escalava sempre os melhores. Por isso, o Flamengo ganhou a
tríplice coroa: Carioca, Brasileiro e Libertadores da América.
Estou convencido de que se Tiago Nunes tivesse procedido da mesma forma, no curso do Campeonato Brasileiro, o Furacão teria disputado o título diretamente com o Flamengo. Mas o Athletico encera o melhor ano da sua história e a inflamada torcida está esbanjando alegria e contentamento.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...