Athletico inicia mais uma semana histórica
Poucos times de futebol têm a chance de viver emoções tão intensas quanto as que estão reservadas ao Athletico neste final de temporada.
Há muitos anos ele vem crescendo no concerto nacional e continental, tanto que se tornou comum ler ou ouvir falar no “El Paranaense”, nos países vizinhos ou mesmo no distante México.
Foram títulos disputados, alguns conquistados, outros que ficaram pelo meio do caminho, como aquela insólita final da Copa Libertadores da América, em que foi proibido de jogar na Arena da Baixada, até chegar ao ponto de ser reconhecido internacionalmente como uma das grandes equipes do moderno futebol brasileiro.
Quem desconhece a sua vitoriosa trajetória corre o sério risco de ser acusado de estar por fora da evolução do futebol nos últimos anos.
Ser muito bom no que se faz não é nunca errar.
Especialmente para um clube que se destaca mesmo não contando com os investimentos, os patrocínios, os grandes quadros sociais e os olhares das redes de televisão que concentram os maiores interesses comerciais no eixo Rio-São Paulo.
Mas a bola rola e times tradicionais, ricos e populares, como Peñarol e Flamengo, curvaram-se ao Furacão, respectivamente nas semifinais da Copa Sul-Americana e da Copa do Brasil.
O trabalho, a concentração e a superação contaram muito em diversas ocasiões especiais para o Athletico.
O talento cria o espaço e acha o tempo.
Nem mesmo a campanha irregular e, até certo ponto desconcertante no Brasileirão, consegue tirar o foco da equipe de Alberto Valentim. O time reconhece os seus limites, mas tenta ousar cada vez mais, especialmente nos confrontos dos torneios eliminatórios. Agora, inicia mais uma semana histórica, ao final da qual pode voltar de Montevidéu com mais um título continental.
O adversário será o Bragantino, um time bem montado e com recursos técnicos semelhantes ao nosso representante. Mas, antes, ele terá de enfrentar o Galo, simplesmente o quase campeão nacional depois de meio século na fila. Haja coração!
Mas se o torcedor está esfregando as mãos, imaginem o que se passa no bucólico retiro do CT do Caju. O futebol dentro de campo tem geometria mais complexa. Um passe, um drible, uma intervenção de cabeça, uma defesa, um gol, quanta coisa acontece durante uma partida. Ainda mais uma partida com caráter decisivo. É preciso muito trabalho psicológico, confiança, entrosamento, liberdade de criação, superação física e tantos outros pequenos detalhes para o time ficar em ponto de bala.
Certas características emocionais fazem mais falta do que recursos técnicos. É tudo uma questão de preparo, equilíbrio, dosagem certa da adrenalina e bola para frente. Vai, Furacão!
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...