Athletico fora da tevê é um desrespeito ao torcedor
Em qualquer circunstância, o objetivo básico de um time de futebol é proporcionar lazer, alegria e possibilidade de congraçamento ao seu torcedor. Por isso, os clubes que se tornaram grandes e, naturalmente, populares, através dos tempos, reúnem verdadeiras legiões de torcedores com milhões de vozes em todos os lugares.
Nos antigos estádios ou nas modernas arenas, vestindo a camisa do clube de coração ou adereços que liguem a sua história, milhares se espalham pelas arquibancadas em intensa vibração. Agora, em tempos de pandemia do coronavírus, o futebol voltou, porém sem a presença de público. Consequentemente aumentou, de maneira significativa, a relevância das transmissões das partidas pela televisão.
Pois não há de ver que dos vinte clubes da série A do Campeonato Brasileiro apenas um está ausente desta fantástica mídia. Trata-se do Club Athletico Paranaense, que não fechou contrato com o sistema pay-per-view da Rede Globo.
Como mantém acordo operacional com duas redes concorrentes – Globo, no canal aberto e Turner, no canal fechado --, por questões contratuais, o simpatizante atleticano encontra-se impedido de assistir aos jogos do seu time. O Athletico fora da tevê é um tremendo desrespeito ao seu torcedor, ao seu associado e, sobretudo, aos seus patrocinadores.
Um dia, conversando com Lord Melbourne, a rainha Victoria, do Reino Unido, pediu-lhe que definisse o que fosse governar. Com uma clareza de ofender a vista, ele respondeu com uma frase: “Governar, Majestade, é defender a sanidade da moeda e a santidade dos contratos”. Ponto.
Exatamente por esse princípio legal, o Athletico não conseguiu êxito em seus recursos judiciais para tentar furar o contrato que prende os seus direitos de transmissão de jogos a duas redes nacionais de televisão.
Lamentável, sob todos os aspectos, afinal, sem exibição pública o clube fica no ostracismo, pois não mostra os seus jogadores e muito menos os seus anunciantes na camisa ou nas placas dentro do estádio. Algo muito intrigante e surrealista está expondo o Furacão nesta altura do longo poder interno exercido pelo presidente Mario Celso Petraglia.
Outro aspecto que não deve ser desprezado é o afastamento da marca do clube com o público. Trata-se do, chamado pelos especialistas da área de comunicação e mercadologia, “Market Share”, que nada mais é do que a participação de uma empresa no mercado.
Toda a discussão iniciou-se pela avaliação da quota do Athletico no mercado da televisão fechada. Ou seja, o clube não reconhece que dentre os grandes do futebol brasileiro possui uma fatia de público menor do que outros dos centros maiores. Com isso não assinou o contrato como fizeram os demais dezenove integrantes da série A do Campeonato Brasileiro, perdendo mídia espontânea também na tevê aberta.
As questões econômicas e financeiras interessam exclusivamente aos envolvidos no caso, mas o fato de a torcida atleticana estar sendo impedida de participar, mesmo que indiretamente, da atuação da equipe na principal competição nacional é incompreensível. E profundamente deplorável. Quanta falta de sensibilidade!
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...