Athletico desfigurou-se para a Libertadores. A sorte atleticana está lançada
A poucos dias para estrear na Copa Libertadores da América o torcedor atleticano mostra-se apreensivo. E não sem motivos, pois o Athletico desfigurou-se para a Libertadores.
Do excelente goleiro Santos – lesionado –, aos atacantes
Marco Ruben e Rony, passando pelo zagueiro Léo Pereira e o armador Bruno
Guimarães, o time esvaziou-se tornando-se verdadeira incógnita.
Ser competente no que se faz não é correr riscos exagerados.
O presidente Mario Celso Petraglia é respeitado como bom negociador
no futebol. Mas desinflar uma equipe vencedora, campeã com distinção da Copa do
Brasil e que mereceu o reconhecimento do concerto esportivo nacional, não
parece política de quem quer voltar a ser campeão.
Tomara esteja equivocado e que as novas contratações me
surpreendam nos testes a serem realizados no Campeonato Paranaense, a ponto de
merecerem a confiança de todos na partida com o Peñarol, no dia 3 de março.
Ser bom no que se faz não é nunca errar.
Dorival Junior errou na escalação para a final da Supercopa
Nacional com o Flamengo ao usar apenas um volante: Wellington.
O atual melhor time do país serviu-se à vontade, dominou
amplamente as ações em campo e de inhapa ganhou dois gols entregues pela
desorganizada zaga atleticana: no primeiro, indecisão entre os zagueiros
centrais Lucas Halter e Tiago Heleno facilitando a ação de Bruno Henrique; no
segundo, indefinição entre o ala Marcio Azevedo e o goleiro Santos deixando
Gabigol à caráter para a assinalação do gol.
É inicio de temporada, o time está muito desfalcado e os
novos ainda não se entrosaram, tudo compreensível. Mas profundamente lamentável
para um clube que trabalha há anos para ganhar um lugar ao sol e quando chega a
hora faz aquele papelão em Brasília.
O grupo do Furacão na Libertadores é dos mais difíceis, já
que reúne os times mais populares do Chile e do Uruguai – Coco-Colo e Peñarol –
e o sempre competitivo Jorge Wilstermann nos altiplanos dos Andes.
Desafios de grande porte ao nosso bravo representante que,
ano a ano, vai firmando a sua freqüência no maior torneio continental.
Com Tiago Nunes o Athletico era ligado, entrosado e intenso
contra qualquer tipo de adversário.
Esta é a fórmula indicada para que um clube de porte médio
possa medir forças em condições de igualdade com os grandalhões nacionais e
internacionais.
Não sei se Dorival Junior conseguirá extrair o máximo do
novo time, se bem que a ousadia individual, quando bem canalizada, dribla a
prancheta dos técnicos. Ou, por outra, se os novos contratados forem mesmo bons
de bola e conseguirem mostrar ambição profissional, podem surpreender
positivamente.
O futebol com alto nível de competição tem geometria mais
complexa.
A sorte atleticana está lançada.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...