Novo ano, euforia e melancolia. E o destino de Athletico, Coritiba e Paraná
A ultrapassagem de um ano para o outro é cercada de expectativa, planos, um misto de euforia e melancolia, confraternização, enfim, clima bem característico. Mas, nesta virada de ano, parece que os anjos e os demônios entraram em singular acordo para que, mesmo silenciosamente – sem fogos de artifício e buzinas –, pedidos para evitar aglomerações comemorativas por causa da terrível pandemia que deixou a humanidade prostrada, todos possam esboçar um pouco de confiança e otimismo no futuro.
Que 2021 seja bemvindo.
Com vacina, mesmo atrasada por mazelas do governo federal, contra o coronavírus, recuperação mundial da economia, muito trabalho na reconstrução do que foi destruído no ano passado etc. Vamos começar o novo ano com pensamento positivo, afinal, em meio aos escombros, salvou-se o encantamento lúdico do futebol.
Os mais crédulos juram que, nesse instante, viram anjos e demônios, em álacre bando, saindo abraçados em busca de dias melhores. Talvez tenhamos logo o retorno dos torcedores aos estádios, assim como esperamos que os dirigentes dos times consigam o menor número de erros possível.
Não é normal o troca-troca de treinadores nas equipes do
futebol brasileiro. Isso reforça a teoria de que eles não sabem o que fazem na
gestão dos clubes, pois a cada mudança aumenta a conta de despesas e prejuízos
ao mesmo tempo em que debilita a parte técnica.
Daí a irregularidade da maioria dos times e a completa ausência de qualidade técnica nas partidas. O comportamento de quase todos os cartolas no dia-a-dia do futebol se reveste de comédia picaresca. Entretanto, alguma coisa pode mudar.
No Coritiba, por exemplo, deposita-se grandes esperanças na nova diretoria liderada pelo economista Renato Follador Junior. Renatinho, como seu pai e irmão, foi jogador coxa-branca, sempre acompanhou o time e conseguiu reunir um respeitável grupo de administradores e empresários para compor o seu núcleo duro na gestão que se inicia.
Mas é bom ter certas cautelas, afinal os problemas a serem enfrentados são múltiplos e, talvez, o mais urgente seja a agônica luta contra o rebaixamento na Série A do Campeonato Brasileiro.
No Paraná, pelo andar da carruagem tricolor nas últimas temporadas, há pouco o que fazer. Pelo menos é a impressão que nos passa a atual diretoria, que simplesmente não consegue equilibrar as finanças e, sobretudo, o aproveitamento da equipe principal.
Agora, ameaçado pela suprema humilhação de uma queda da Série B para a C, não conseguimos enxergar no horizonte da Vila Capanema alguma ação efetiva para evitar o pior. Muita conversa, constante troca de treinadores e um elenco de jogadores tecnicamente sofrível.
O Athletico, sob o comando do presidente Mario Celso Petraglia – praticamente há 25 anos com poucas alternâncias – poderia ter obtido maior número de títulos não fossem os solavancos que sofre logo após uma grande conquista.
Basta um olhar no passado: depois do título brasileiro em
2001, o técnico Geninho foi dispensado e o time campeão dissolvido; depois dos
títulos na Copa Sul-Americana e na Copa do Brasil, o técnico Tiago Nunes foi
dispensado e o time duplamente campeão dissolvido.
Trocando em miúdos: apesar da grandiosidade patrimonial
indiscutível, da revelação de grandes jogadores e a da formação de equipes
competitivas, o Athletico não consegue manter regularidade para ser mais
engrandecido no conserto esportivo nacional e internacional.
Essa oscilação nervosa tem atrapalhado a afirmação do Furacão como uma das potencias do futebol brasileiro. Tanto é verdade que, atualmente, o time luta mais para afastar-se da zona de rebaixamento do que para alcançar uma vaga na Copa Libertadores da América.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...