Árbitros inseguros e desconfiança no VAR atrapalham o futebol
A mão de Deus de Maradona – a esquerda, “la mano de Dios”, tocando a bola a caminho das redes do goleiro inglês Peter Shilton, nas quartas de final da Copa do Mundo de 1986 – está prestes a completar 36 anos de celebração da desonestidade, como se ela fosse aceitável.
E só a mão permitiu que o pequenino atacante argentino – 1,66m – se antecipasse ao adversário de 1,83m.
Foi o primeiro gol da vitória da Argentina sobre a Inglaterra por 2 a 1. O segundo, feito com os pés de um deus do futebol, com uma inacreditável sequência de dribles desconcertantes.
Muita coisa mudou com a utilização da moderna tecnologia, porém, não passa uma semana sem que alguém reclame – e na maioria das vezes com razão – dos erros de arbitragem.
Árbitros inseguros e desconfiança no VAR atrapalham o futebol sul-americano.
Enquanto na Europa os apitadores raramente consultam os auxiliares de cabine para dirimir alguma dúvida, neste lado de baixo do Equador é um Deus nos acuda.
Dá a nítida impressão que os árbitros sul-americanos se acovardaram e optaram por dividir a responsabilidade dos equívocos com a equipe do VAR.
Na semana passada, foi a vez de o Athletico ser prejudicado pela insegurança do árbitro, que havia assinalado a penalidade máxima contra o Estudiantes, mas não bancou a decisão e caiu na esparrela do VAR com uma interpretação discutível.
Os erros não deveriam estar na equação, afinal, com a implantação do chamado árbitro de vídeo, colocado dentro de uma cabine isolada, dotada de inúmeras telas com imagens do campo de jogo e computadores para diagnosticar a posição de impedimento; se houve penalidade máxima ou se a bola ultrapassou a linha final da meta.
Apoiado em um arsenal de recursos de checagem, mesmo lances exponencialmente polêmicos deveriam desaparecer dos campos de futebol.
Mas, infelizmente, não é o que temos observado desde a implantação do novo sistema.
Até quando a credibilidade do futebol será colocada em xeque?
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...