A morte anunciada do futebol paranaense e os absurdos da prefeitura de Curitiba
A crônica da morte anunciada já foi escrita, por Gabriel
Garcia Márquez. Falta escrever a da morte prematuramente anunciada.
Alguém se habilita ?
Ao contrário da outra crônica, seria um livro de não-ficção.
De sucesso garantido, pois há sempre mais graça do que morbidez nas mortes
prematuramente anunciadas.
Um bom exemplo foi o que aconteceu com o famoso jogador da década de 1950, Miltinho, do Coritiba, que, anos depois de já ter pendurado as chuteiras, leu a notícia do seu falecimento publicado em jornal. Como estava vivo; vivíssimo, aliás, pois participava de uma pescaria, tratou de telefonar para a redação e informar ao editor que a notícia deveria ser corrigida para não causar mais constrangimentos.
Ao atender o telefone, conta-se que o editor indagou:
- De onde você está falando, Miltinho?
Vítima de semelhante equívoco, no final do século passado, o comediante Bop Hope viu-se constrangido a suspender a partida de golfe que disputava em fechado clube de Beverlly Hills, para desmentir pessoalmente os boatos de que partira de repente ao encontro de seus velhos comparsas de comédias no cinema, Bing Crosby, que já estava efetivamente morto em 1977, e Dorothy Lamour, irreversivelmente falecida em 1996.
Bob Hope morreu aos 100 anos, em 2003.
Diante das duras medidas tomadas pela Prefeitura Municipal de Curitiba no combate à pandemia do coronavírus - aparentemente sem sucesso - e sem combinar com as prefeituras da Região Metropolitana, que continuam bombando, o Athletico foi multado por ter jogado depois do horário imposto para o recolher da população.
Resta saber como procederá a Conmebol, organizadora da Copa Sul-Americana, pois o Furacão tem jogo marcado para quinta feira, às 21h30, com o Aucas, na Arena da Baixada.
Por outro lado, também no rastro dos absurdos cometidos pela Prefeitura Municipal de Curitiba com o insano abre e fecha de shoppings, restaurantes, supermercados, etc., a capital paranaense é a única cidade do planeta em que estão proibidas partidas de futebol nos fins de semana.
Basta ligar a televisão para conferir a bola rolando em todas as demais capitais do país e cidades pelo mundo afora.
O Campeonato Paranaense pode não acabar
Diante disso, o Campeonato Paranaense corre o sério risco de
ficar inconcluso.
Não chega a ser propriamente uma morte anunciada. Mas pode
acontecer.
O jogo Paraná x Athletico foi marcado para segunda-feira, mas o segundo jogo das quartas-de-final não tem data definida pela Federação.
Acontece que no último domingo deste mês, o Furacão jogará com o América-MG, pelo Campeonato Brasileiro que se inicia. E, logo a seguir, estreia na Copa do Brasil.
Pelo noticiário, a Federação somente conseguiria marcar o
segundo jogo na metade do mês de junho.
De qualquer forma, os cronistas da história do futebol paranaense começam a se preparar para mais uma obra-prima à sua proverbial coleção de boutades: as notícias a respeito da morte do campeonato podem ser exageradas.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...