A impiedosa desconstrução do Paraná Clube
Assim como nós, que acompanhamos o futebol há tanto tempo, a torcida do Paraná Clube deve estar absolutamente arrebatada com o péssimo momento do time.
Com tudo para ser um dos grandes do futebol brasileiro quando surgiu na última década do século passado, o Tricolor possuía invejável patrimônio, grande quadro associativo, muito dinheiro em caixa e um elenco de jogadores que chegou ao pentacampeonato estadual e colocou a equipe na Série A do Campeonato Brasileiro.
Pouco a pouco, entretanto, com a inexplicável omissão do Conselho Deliberativo e dos demais órgãos controladores, os dirigentes que se revezaram no poder durante os últimos 20 anos iniciaram a impiedosa desconstrução do Paraná Clube até chegar no fundo do poço em que se encontra.
Com poucos associados, o patrimônio dilapidado por péssimas administrações e o time de futebol desmoralizado – na Série D nacional e na Série B estadual -, restam poucas esperanças de recuperação a médio prazo.
Por mais que os novos responsáveis pela gestão do clube sejam bem intencionados e estejam dispostos a fazer de tudo para transformar o panorama, as chances são mínimas.
Mínimas porque o calendário empobreceu, as opções se reduziram e a concorrência com a dupla Atletiba ficou praticamente impossível de ser acompanhada
Vejo, lamentavelmente, o Paraná Clube como um organismo vivo gravemente enfermo.
Ele é a expressão de profundos desequilíbrios éticos, morais, esportivos, organizacionais e espaciais que configuram um ser disforme, com o corpo atrofiado e a cabeça irreconhecível, como se fosse um monstrengo.
Sinceramente, torço pelo sucesso dos atuais dirigentes na desesperada tentativa de devolver o Tricolor ao seu lugar, mas tenho dúvidas quanto às possibilidades de êxito a médio prazo.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...