97 anos de uma aventura intensa: um Furacão passou em minha vida
Se quiséssemos definir o homem, o ser humano, como
deveríamos proceder, que método adotar ?
Defini-lo dogmaticamente, de acordo com esta ou aquela
crença religiosa, esta ou aquela doutrina filosófica ou hipótese científica,
nenhuma dessas definições esgotaria o definido, pois o ser humano é tudo o que
tem feito e, consequentemente, tudo o que tem sido ao longo da história. O
homem é a sua própria história.
E a história nos revela o ser humano em suas infinitas diferenças. Uma das formas de melhor conhecer o sentimento humano e a própria natureza do homem é através do esporte ou, mais especificamente, do futebol.
O futebol tem o poder e a magia de igualar as pessoas nas
arquibancadas dos estádios em sua paixão, em sua tensão, em sua alegria ou em
sua decepção. Com a bola correndo, se desviarmos o olhar para o painel humano
que emoldura o campo de jogo estaremos identificando o ser humano na sua
expressão mais pura.
O homem é um ser lúdico – talvez mais ludens do que sapiens – no sentido de cultivar o prazer da vida, o lazer, o jogo, a brincadeira. A ludicidade é fundamental para a manutenção do equilíbrio físico e psicológico do homem.
Na busca da felicidade o homem escolhe desde cedo o seu time de futebol preferido para torcer e, quem teve o privilégio de escolher o Club Athletico Paranaense, tem garantido para o resto da vida todo tipo de emoção, tensão e sensação.
O Athletico é paixão pura. É paixão na veia. É paixão eterna.
O Furacão carrega consigo essa dimensão lúdica da suspensão
de todo tormento da vida real para adquirir uma fantasia gostosa no momento de
ir vê-lo jogar, de vibrar com as ações dos seus jogadores, de comemorar os gols
e de festejar as grandes vitórias e títulos conquistados, resignando-se com as
inevitáveis derrotas.
É o homem exercitando o sonho da felicidade e da descontração na catarse atleticana. A paixão está intimamente ligada à felicidade, pois só é feliz quem ama alguma coisa.
E a paixão do torcedor pelo Athletico é algo muito mais
profundo do que se possa imaginar.
Por isso, mais do que uma simples paixão, o torcedor atleticano tem autêntica adoração pela história do clube, pelos seus símbolos, pelas suas características próprias, transformando o clube em verdadeira religião.
Uma religião que se irradiou de Curitiba para congregar
fieis torcedores em todo o Paraná em todos os pontos do país, representando o
orgulho de ser atleticano.
São 97 anos de uma aventura intensa, com altos e baixos, como acontece em todas as modalidades esportivas e. no dia a dia nas nossas próprias experiências humanas, mas 97 anos curtidos com muito amor.
Nenhum clube realizou tanto no futebol brasileiro nos
últimos anos: alavancou as obras do Pinheirão, que adotou como estádio durante
uma década; voltou para a Baixada e reconstruiu o velho Joaquim Américo para
colocá-lo abaixo em seguida e erguer a primeira Arena até que se contentasse
com a atual Arena da Copa, com teto retrátil e grama sintética.
Sem esquecer do magnífico CT do Caju, dos craques, das revelações, dos personagens e dos inúmeros títulos acumulados. Foi um Furacão que passou em minha vida.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...