Valmor Zimermann e quando a redoma da história é quebrada

Sábado, 9 de março: Valmor Zimermann, 81 anos.
No caso, 9 e 81 são apenas números. Números se repetem e se encontram todos os dias. E março apenas o nome de um mês, como são os de janeiro a dezembro. O que poderia importar seria o nome: Valmor. Mas Valmor encontra-se por aí numa esquina, em qualquer lugar. Mas os números, o mês março e o nome Valmor associados à Zimermann, as coisas tomam outro rumo, ganham outra interpretação.
É que Valmor Zimermann sempre teve a ver com a vida das pessoas que lhe são próximas e que lhe são distantes. Dentro do mundo complexo em que vivemos, encontramos nesse Valmor um ser humano singular.
Lembrar desse Valmor é lembrar do Athletico.
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Quebro o vidro da redoma que foi criada para não deixar entrar nada que não seja a história dos últimos 29 anos do Furacão, e lá encontro Valmor Zimermann. Qualquer historiador, como alguns atuais, que são dirigidos e pagos para limitar os fazedores e pensadores do Athletico, não terá como excluir a importância de Valmor.
Quando precisava comprar camisa, calção, meia e chuteira para o Furacão ir a campo, Valmor estava lá. Quando precisava contratar um jogador e prestar garantias, Valmor estava lá. Quando precisava pagar e dar garantias pessoais como na compra do PAVOC, Valmor (e Italo Conti Júnior, o Tozinho) estava lá.
Depois que foi ter com o Athletico, quando percebeu, os filhos Junior, Ricardo e Edu já haviam crescidos. Da empresa fez uma referência profissional, da sua residência, apenas o domícilio e um lugar de repousa. Durante 20 anos, fez da Baixada a sua. Só às vezes convidava alguém para almoçar uma pescadinha assada ao forno de Eva, sua esposa. A história de Valmor no Athletico é tão longa no tempo e tão bela como exemplo de oferta de ideal que é preciso dar um pulo na história.
Quando precisava de um diretor de futebol que ficasse 24 horas ao lado de Geninho, em 2001, para que o Athletico ganhasse o título brasileiro, quem ficou? Valmor Zimerman. Da prestação de trabalho e dinheiro, só quis em troca a satisfação do seu amor e do seu ideal pela causa atleticana.
Valmor me faz lembrar o “Soneto do amigo”, de Vinicius de Moraes: “Enfim, depois de tanto erro passado, tantas retaliações, tanto perigo, Eis que ressurge noutro o velho amigo nunca perdido, sempre reencontrado".
Agora, arrumo um espaço na redoma e introduzo a história de Valmor Zimermann, no Athletico. Dela não pode sair mais.