União fecha o caixão. Paraná, carnaval e cinzas
Uma das mais bonitas canções da época de festivais foi o saudoso paranaense Luiz Carlos Paraná (Ribeirão Claro) quem compôs para Roberto Carlos interpretar: Maria, carnaval e cinzas.
Na canção, Maria nasce “quando a folia perdia a noite e ganhava o dia”. Mas, com a vida semeada só de “samba e de dor”, nega-lhe ser como tantas “Marias de santas, Marias de flor”.
Apenas lhe dá a ilusão que “um dia viria de porta-estandarte, sambando com arte, puxando cordões”. Só ilusão, pois Maria, vivendo apenas um carnaval, “morreu quando a folia na quarta-feira também morria”.
Lembrei dessa canção, assistindo ao Paraná perder na Vila Capanema para o União de Beltrão, por 3 a 1, e ser rebaixado para a Segunda estadual. O rebaixamento para a 4ª. Divisão nacional foi pouco diante de tanta humilhação.
Antecipando a sua quarta-feira de cinzas, já com a alma encomendada pelos coxas, deixou que o caixão fosse fechado pelo pequeno União em plena Vila Capanema. A sua torcida o cobriu de cinzas, pois invadiu o gramado e não deixou o jogo terminar. Seu coveiro, talvez, o último, já tinha sido escolhido em agosto de 2021: Rubão, o seu presidente.
A foto que ilustra esse texto é autoexplicativa: em primeiro plano, Leonardo Oliveira e Casinha; e, ao fundo, sorridente, solidário e parceiro, Rubão. Mas, não aparecem os grandes responsáveis: os conselheiros e sócios que os elegeram como executores do processo de autodestruição do clube.
Como a Maria cantada por Roberto, ficaram “restos de fantasia”. Pobre Paraná.