Opinião

Torcidas organizadas ou gangues, eis a questão

Por
Augusto Mafuz
14/06/2022 15:41 - Atualizado: 04/10/2023 20:37
Foto: Átila Alberti/UmDois Esportes
Foto: Átila Alberti/UmDois Esportes | Foto: Atila Alberti/UmDois

Um dia é em Santos, no outro em Caxias, e quase sempre na boca do Couto Pereira, da Baixada e dos terminais de ônibus de Curitiba.

Torcidas ou gangues organizadas, essa é a questão. O diagnóstico é grave, amenizá-lo com eufemismos só agrava a situação: são gangues que, vestidas com o manto de um clube, apresentam a identidade de torcida organizada para cometer crimes.

Eufemismo é o escape do qual se utiliza boa parte da mídia quando faz crítica recorrendo à reserva covarde de que “esses não são torcedores”.  Lembra o ensinamento do imortal Márcio Moreira Alves, para quem a hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude.

A expressão “esses não são torcedores” ignora ou quer ignorar que qualquer um, de qualquer classe social, ao buscar a integração a esses grupos, tem um segmento da sua índole já voltada para o crime. São gangues constituídas por diversos extratos sociais. Não se limitam aos pobres das comunidades carentes, que aliás nem têm condições mais de ver o seu clube de coração. São em especial os filhos de papai, de bairros bacanas, que atuam motivados pela impunidade.

E os cartolas, de uma forma direta ou não, através dos clubes, subsidiam esse estado. Não há explicação para que a sede da organizada do Coritiba seja no quintal do Couto Pereira. Não há como dissociar um do outro. O Athletico, por seu comando, vive fazendo campanha contra os “Fanáticos”. No entanto, em época de eleição, cobre esses de benesses em troca de votos. E o que ocorre aqui não é nada diferente do que ocorre em todos os lugares do Brasil.

O que fazer?

A Polícia e o Ministério Público não podem fazer mais do que fazem, embora façam pouco. Qualquer ação enérgica é absorvida pela demora da intervenção do Judiciário por falta de uma legislação específica. Remetida a lei processual e material do direito penal, essas gangues vivem sob o manto da impunidade. 

Ninguém foi mais violento e matou mais do que os torcedores ingleses. Quebrando uma tradição de três séculos da inexistência de códigos ou Constituição, o governo de Margaret Thacher interviu com uma legislação específica. Mandando torcedor para a cadeia, responsabiliza clubes e dirigentes. Hoje, ninguém mais respeita essa lei do que os filhos dos hooligans.  

Aqui, a política legislativa não é apenas covarde. É associada à essas gangues usando o mesmo método dos cartolas: em época de eleição, recorrem a elas para formar grupos que caçam votos.

Estamos todos perdidos. 

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Augusto Mafuz é um dos comentaristas esportivos mais tradicionais de Curitiba, conhecido por sua cobertura do Athletico e outros times da capital. Nascido em Guarapuava em 11 de maio de 1949, Mafuz tem sido uma figura central no j...

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