Todos nós éramos Vinicius Júnior e fomos excluídos, em Paris
O desvio da “Bola de Ouro” para o espanhol Rodri, quando ela já tinha sido despachada para Vinicius Júnior, foi uma espécie de furto, um verdadeiro ato indefensável de injustiça. Pretensiosas, as mais diversas teorias tratam de discriminação pela cor, de excesso de ativismo e até de dancinhas irônicas a cada gol.
Compor a teoria maior com esses elementos, seria reduzir Vinicius como um injustiçado social, provocador do sentimento de pena. Entendo que Vinicius é tão grande como ser humano, que o que menos ele gostaria de provocar é pena.
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A explicação para que a “Bola de Ouro” fosse desviada para Rodri não é tão simples assim. Ela reclama uma visita ao passado para se encontrar dois fatos relevantes.
No passado, para a escolha do “Bola de Ouro”, da France Football, embora em promoção independente, baseava-se nos critérios da FIFA. Entre eles, tinha a escolha por ex-jogadores. Depois que a FIFA criou o “The Best”, a France Football, seguindo intenções da UEFA, transferiu para 100 jornalistas a escolha.
Nós, jornalistas de futebol, por não sermos “filhos de chocadeira”, expressão magistral de João Saldanha, não conseguimos uma isenção absoluta em nossas escolhas. E essas, por mais frias que sejam, sempre terá um componente emocional que vai exercer influência para estabelecer um conflito entre o justo e o injusto.
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Entre nós, jornalistas brasileiros atuais, talvez, a exceção seja o nosso maior, que é Juca Kfouri, que enfrenta qualquer tema, parecendo ter recém-chegado de Oymyakon, na Russia (média de -45º).
O segundo elemento que deve ser considerado para a escolha de Rodri, é definitivo e que muitos por aqui teimam em não aceitar: a decadência do futebol brasileiro. Enquanto, Rodri concorre para manter a Seleção Espanhola como a melhor da Europa e ganhadora da UEFA, o futebol de Vinicius é tão rústico no Brasil (na Copa América foi um fracasso), que já há quem comece a sentir saudades de Neymar.
Escolheu-se, também, porque Rodri é meio-campo. O mundo estaria cansado de atacantes, não obstante serem Messi e Cristiano Ronaldo. E esse foi outro motivo, a France Footbbal errou mais uma vez. Se era para consagrar um meia, que fosse Toni Kroos, que comandou o Real Madrid na conquista de várias Champions e alimentou quase todos os gols de Vinicius.
A verdade é a seguinte: Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e Kaká só foram “Bola de Ouro” porque os franceses não tinham argumento para negá-la.