Santos, Bento, chegadas e partidas no Athletico
O goleiro Santos teria entrado na fase de despedidas do Athletico, que será finalizada na Recopa contra o Palmeiras?
O Athletico vem enfrentando o fato público com o silêncio. Uma coisa é certa: o Flamengo quer Santos. Depois da exibição de vídeos de vários goleiros, o técnico português Paulo Sousa escolheu o campeão olímpico. E, como a política do Athletico é a de que ninguém inegociável, no que está certo, é possível que Santos esteja em fase de despedida.
A questão, então, é outra.
Santos é insubstituível? Para responder, conto fatos históricos.
Ricardo Pinto não era qualquer um. Os grandes times de 1995 (segundona) e de 1996 (Brasileirão) tinham estrelas como Paulo Rink, Oséas e Alberto Valentim, mas ninguém iluminava tanto os olhos da torcida rubro-negra como o goleiro Ricardo Pinto.
A sua idolatria tornou-se absoluta quando convocou a torcida do Athletico para protestar contra a CBF, que havia rebaixado o clube pelo caso “Ivens Mendes”. Certa noite, na Praça do Athletico, Ricardo Pinto discursou sobre o amor que tinha pelo clube e projetou a solidariedade de 15 mil atleticanos.
Em dezembro de 1997, em um final de tarde, Mario Celso Petraglia foi ao CT do Caju comunicar ao grande ídolo a decisão da diretoria: o seu contrato não seria renovado, porque “chegou a vez de Flávio”.
Flávio, identificado como o “Pantera” pela locução de Carneiro Neto, se transformou, depois de Caju, no goleiro mais vencedor de títulos na história do clube. No título mais importante, inclusive, o de campeão do Brasil, em 2001. O seu jogo contra o Bahia (6x3) foi um dos mais impressionantes que um goleiro fez na Baixada.
Como goleiro do Athletico, o excepcional Weverton nunca me comoveu. Mas, quando saiu, a sensação que ficou na torcida é a de que o gol atleticano ficara desprotegido. Em 2016, quando se negou a renovar com o Furacão, Petraglia não se sensibilizou. “Chegou a vez de Santos”, afirmou.
Depois de Caju, que é uma lenda, Santos ganhou a cotação de melhor de todos os tempos do Athletico. Por suas mãos que vivem molhadas na água benta, por sua sensibilidade fria e seu sorriso de um segundo, o Furacão foi bicampeão da Sul-Americana e campeão da Copa do Brasil.
Parece que estou vendo Petraglia acertar com o Flamengo e exclamar: “Chegou a vez de Bento!”