Petraglia foi além de um ataque de nervos
Paulo Autuori, Ricardo Gomes e Carlinhos Neves formavam um comando raro no futebol brasileiro. Todos independentes, de histórico de conquistas, capazes e absolutamente comprometidos com o projeto do Furacão provocavam orgulho nos atleticanos. Mario Celso Petraglia, então, anunciou: “O Athletico tem o melhor departamento de futebol do Brasil”.
Dois meses se passaram e todos, direta ou indiretamente, foram demitidos por Petraglia. Desconfortável com a influência de Paulo Autuori e Ricardo Gomes, o cartola tanto fez que os dois foram embora. Agora foi a vez de Carlinhos Neves. Dos três, foi a pior das demissões, porque, sem motivação racional, o ato patronal agride e humilha.
Não me surpreendi com o desmanche do “melhor departamento de futebol do Brasil”. Ficaria surpreso se Autuori, Gomes e Neves resistissem por mais tempo aos atos praticados por Petraglia em fase quase contínua de variações psíquicas.
Teimo em acreditar que Petraglia está assustado com os fatos que ocorrem ao mesmo tempo: a desordem no CT do Caju, o goleiro Santos sonhando com o Flamengo, a Libertadores, a Copa do Brasil e o Brasileirão a serem jogados, e o Athletico sem time, e sabendo que terá que demitir o técnico Alberto Valentim.
E, se não bastasse, continua na busca desesperada de uma solução para a dívida com a Fomento Paraná. A pressão é tão grande que se patrocinou almoços diários para autoridades, que direta ou indiretamente teriam o poder de decidir a questão.
O mais grave é que o ano nem começou para o Furacão.
Petraglia vai além de um ataque de nervos. Talvez, nem mesmo uma vitória no Atletiba irá acalmá-lo. A impressão é que Petraglia nos poucos minutos de calma tenha concluído que a duplicata está chegando.