Um confuso Petraglia, cheio de metáforas, volta à cena
Quando tornou público o seu interesse em mudar de associação para sociedade anônima, usando de uma metáfora, Mario Celso Petraglia assim falou: “O Athletico é a noiva que todos desejam”.
Carregados de orgulho e vaidade, e impressionados com o projeto societário em que o clube seria o acionista majoritário, inclusive, com o poder de veto através da sua Fundação, os atleticanos foram convencidos de que era o caminho a ser seguido. Para implementar esse modelo, deram-lhe poderes ilimitados.
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Um ano depois, Mario Celso Petraglia voltando à cena sobre a mesma questão, assim falou: “Nós estamos à venda. Nossa posição era de que venderíamos só a parte minoritária, mas com o andar da carruagem, do mercado, se tiver uma oferta de um parceiro que realmente dê para casar ... Porque é casamento, né?”
Mario Celso Petraglia precisa conter as suas metáforas. Quando elas se contradizem, deformam a ideia inicial. Às vezes, eliminam-na. No caso, para quem quem era “a noiva que todos desejam casar” e agora “está à venda para um casamento”, uma interpretação metafórica ao modo de Petraglia pode levar à conclusão de que o valor do Clube Athletico Paranaense pode ser “prostituído”.
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Desses fatos, surge uma dúvida: Petraglia, que enquanto um dos acionistas de mando da INEPAR aprendeu tudo sobre sociedade anônima, não sabia que era impossível um investidor ser sensibilizado com a “noiva” adquirir por milhões de dólares a parte minoritária do Athletico?
Só os ingênuos vão acreditar, como quer Petraglia, que o mercado interviu para o Athletico admitir a hipótese de um “casamento”, que transferia o seu controle para estranhos. Entendo que o modelo societário inicial, proposto por Petraglia foi um artifício para convencer associados e conselheiros a lhe darem poderes para fazer o negócio. Agora que pensa ser titular desses poderes, admite a venda do Athletico.
Ao contrário do que pensa, Petraglia não detém poderes para negociar o clube. Para adquiri-los, precisa de uma nova assembleia de sócios e autorização do Conselho Deliberativo, com convocação específica para negociar o comando acionário, o que na prática significa vender o Athletico.