Petraglia já era senhor do Athletico. Agora, é senhor do tempo
Seguindo os conselhos de alguns leitores, confesso que queria descartar como tema, por algum tempo, Mario Celso Petraglia, presidente do Athletico. Quero dizer aos leitores que me esforcei ao máximo e concluí ser impossível. É que ele é simplesmente notável como criador de fatos.
Nessa semana pobre de notícias de futebol por aqui, o único fato sugestivo, foi a entrevista do cartola a repórter Monique Silva, do UmDois Esportes. Nela, ao tratar da repercussão da pandemia na vida do Furacão, Petraglia responde: “É muito difícil quantificar as perdas, dar números a elas. Serão dois anos de atraso no nosso projeto”.
As palavras de uma resposta de Petraglia não podem ser interpretadas na sua versão literal. No caso, com uma simples leitura, não há como negar-lhe a razão. É até uma questão lógica: os prejuízos causados pela pandemia não só influenciam negativamente o momento, como irão se projetar por algum tempo.
Ocorre que nas respostas de Petraglia sempre tem um elemento escondido, que é a intenção que, às vezes, é do desagrado do torcedor. Na resposta, faltou o aspecto de núcleo: qual é esse projeto do Athletico, afinal?
É sempre assim: quando há projeção de dificuldades, Petraglia já amortece o espírito dos atleticanos, reduzindo a sua reação diante das dificuldades no campo. O pensador Padre Antonio Vieira diria que o homem, assim, torna-se “o senhor do tempo e das coisas, como se tivesse o direito de não apontar o tempo do fim”.
Se o Athletico fracassar em 2021, Petraglia não tem obrigação nenhuma em pedir desculpas. As suas obrigações no futebol do clube estão sendo lealmente prestadas. Não há argumento que contrarie essa verdade, em razão do ranking da CBF escalar o Furacão em quinto lugar entre os maiores do Brasil.
Será que Petraglia está com dor de consciência de alguma coisa que pode acontecer fora de campo? Pergunto, por que não entendi bem esse pedido do clube ao Tribunal de Justiça do Paraná, de suspender por mais 120 dias (vai bater em um ano), os processos nos quais o Athletico foi condenado face a Fomento pela divida da construção da Baixada. Será que Petraglia, também, é o senhor de prazos processuais?