Opinião

A bola tem que voltar para Ratinho chutar ou não

Por
Augusto Mafuz
07/03/2021 14:26 - Atualizado: 29/09/2023 20:04
A bola tem que voltar para Ratinho chutar ou não
| Foto: Jonathan Campos/AEN

Há um desgoverno no Brasil, é certo e não há conserto. Empurrados na direção do cemitério por uma política sanguinária, os brasileiros vão morrendo. A negação da vida no país criou um fato inusitado: o mundo real é o mundo em que as duas mil mortes por dia começam a ser absorvidas com naturalidade. O mundo paralelo é o mundo em que se vive, mas, ambientado no medo e nos traumas, obrigado a se submeter ao mundo criado pela locução dos “imortais” de Brasília.

Essa verdade pode ser extraída da interpretação da última palavra do governador paranaense Carlos Massa Ratinho Junior. Absolutamente sincera, revela resignação, quase um desânimo. Disse: “Não é um decreto, não é um papel e não é uma assinatura minha, sozinha, que vai salvar vidas, mas, a consciência das pessoas de entender que estamos enfrentando uma guerra na saúde pública”.

Talvez, por adotar essa verdade resignada, o governador preferiu transferir para os prefeitos a responsabilidade de dar a solução sobre os jogos no futebol paranaense. Se um único prefeito criar o impedimento (e qualquer razão será razão incontestável) estará, ainda, mais fragmentado o calendário de jogos do Estadual e da Copa do Brasil.

Não trato o futebol dentro do conceito da essencialidade, por não ser uma atividade essencial. O faço por um fato: o futebol é responsável por si próprio. Ganhou a consciência a que se refere Ratinho desde que voltou a ser jogado.

É o segmento que mais aprendeu a conviver com o vírus. Os seus protocolos médicos e sanitários são tão rígidos e tão bem executados em razão da responsabilidade objetiva dos clubes, federações e dirigentes, que é possível afirmar que ele concorre diretamente para evitar ou diminuir a disseminação.

O número de testes positivos no futebol é prova de que o seu ambiente é protegido, sem haver riscos para a população. Entendo que o Governo Estadual deve assumir para si a decisão para que o futebol siga em frente ou não, absorvendo a responsabilidade dos prefeitos.

E, se entender que não deve ser jogado, será compreendido. Daí, o futebol irá tratar da sua vida de outra forma.

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Augusto Mafuz é um dos comentaristas esportivos mais tradicionais de Curitiba, conhecido por sua cobertura do Athletico e outros times da capital. Nascido em Guarapuava em 11 de maio de 1949, Mafuz tem sido uma figura central no j...

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