Paraná: há salvação na solidariedade e na fé de Omar Feitosa
Um amigo me provoca para a seguinte questão: como explicar que, no mesmo dia e no mesmo horário que o mundo via Real Madrid 1x0 Liverpool, pela final da Champions League, sete mil torcedores foram à Vila Capanema ver Paraná 1x0 Santo André, pela Série D do Campeonato Brasileiro?
A resposta não é tão simples. É preciso lembrar que a supremacia estadual paranista, nos anos noventa, criou uma nova geração de torcedores. Eram tantas as vitórias e conquistas, que muitos filhos de atleticanos e coxas, influenciados pelos costumes da época, tenham formado essa geração.
Pode até ser que mudaram no meio do caminho, mas que ficaram muitos, não há dúvida. A prova desse fato foram os 40 mil que lotaram a Baixada naquele histórico Paraná 1x0 Internacional, pela Segundona. O Paraná, portanto, tem torcida. Resta saber como ela é provocada.
Mas, o fato fundamental para explicar essa resignação tricolor à 4ª Divisão é outro: a solidariedade na dor que no futebol vem com o fracasso no domingo e a humilhação na segunda.
+ Confira a tabela da Série D
A solidariedade no fracasso é muito mais forte do que nos tempos de euforia. Nesses, há um pouco de oportunismo do momento. Ser solidário no fracasso é exteriorizar o sentimento sem vícios, em estado puro. Lembra Carlos Drummond de Andrade: “...não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins”.
E há um terceiro elemento cuja influência poucos percebem: Omar Feitosa, o técnico. Não por ser capaz no futebol, fato antigo; mas, pelo seu espírito de ideal. Doando-se de corpo e alma, cria um ambiente de fé. Mais do que dinheiro nesse momento, o Paraná precisa disso: solidariedade e fé.