Paraná Clube e sua missão: voltar a viver com grandeza
“Eu amo tudo o que foi/Tudo o que já não é/A dor que já me não dói/A antiga e errônea fé”. Bem que o Paraná poderia ter gravado nos ingressos para os jogos da sua volta ao futebol esses versos de Fernando Pessoa.
É que não há na sua história uma única passagem que simbolize a demonstração de amor da torcida por sua causa É verdade que essa sensibilidade foi provocada pela demonstração de idealismo do industrial Carlos Augusto Werner.
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Esquecendo os maus tratos que recebeu dentro do clube e os R$9 milhões que doou, foi vencido pela indignação de ver o Paraná na Segunda Divisão Estadual. E então, voltou como uma espécie de predestinado para cumprir uma missão: salvar a vida do Paraná que a desfaçatez de muitos tricolores deixou abandonada no meio do caminho.
E toda a publicidade foi baseada em fatos reais, sem vender ilusão. O desespero de médicos e enfermeiras em uma UTI e ambulâncias correndo pela cidade simbolizam o estado de vida do Paraná, no genial roteiro pensado pelo tricolor João Carvalho, o João Quitéria.
Mas nem o ato de Werner, por mais nobre e puro que seja, repercutiria tanto se não fosse a grandeza popular do Paraná.
Paraná Clube vende mais de 70 mil ingressos
Roubado, desgraçado e humilhado por parte de sua própria gente, sustentou-se com o amor popular, mesmo sendo um amor em expectativa. Mais de 70 mil ingressos para os 5 jogos do programa já foram vendidos.
O limite de 100 mil, para tanta saudade, pode ser pouco. A saudade é o que faz as coisas pararem no tempo, escreveu o poeta gaúcho, Mário Quitana.
E se é para voltar a viver, que seja como grande e por inteiro. E nada é mais nobre e orgulhoso do que começar a matar essa saudade popular na majestosa Arena da Baixada, do Clube Athletico Paranaense.
O teólogo francês Alain de Lille escreveu “mil ruas levam os homens a Roma”. Agora, todos os caminhos levam os tricolores à Baixada, ao Couto, à Vila Capanema .... e de volta à vida.