O pior clássico da história. Um Atletiba para esquecer. Coisa horrorosa!
Quando não é possível ganhar na bola, ganhe na alma. É a liturgia quase centenária do Atletiba. Não teve nada no Couto Pereira: bola, alma, futebol e gol desde o início foram para o campo do improvável. Não obstante uma ou outra jogada de Cittadini e Igor Paixão, qualquer coisa que fosse além do 0 a 0 seria um fato extraordinário, além do impossível.
E não foi porque não quiseram jogar. Até que tentaram. Mas, pobres de técnica e de ordem, não conseguiram. Nem o gol de Cittadini, justamente anulado pelo auxiliar, aos 14 minutos por impedimento, criou a ilusão de que alguma coisa boa poderia acontecer.
O Coritiba, com aquele seu joguinho de marcação para ganhar uma bola, e lançá-la para Igor Paixão. Sem uma variação, sem uma criação, tudo na base da força e da correria. O Furacão “inovando” no 4-3-3 tinha a bola, mas desprezava a profundidade. O Athletico é muita coisa para a cabecinha de Valentim.
Sustentava-se com Erick atrás e tentava criar com Cittadini no meio. Matheus Fernandes se jogou, ninguém viu. Pablo era um “morto vivo” na frente. À certa altura era teimosia acreditar que se tratava de um Atletiba, ou que Coritiba e Athletico jogavam um esporte chamado futebol.
Na etapa final até que o jogo andou um pouco. Mas muito pouco. Mais pelo Coritiba, que se arrumou no meio para encostar na zaga rubro-negra, do que pelo Furacão. E foi nesse raro momento de lucidez que o Coxa criou a sua única oportunidade de gol. Aos 5 minutos, Egídio cruzou para a área e Igor Paixão, antecipando-se à equivocada saída de Santos, cabeceou e perdeu o gol.
David Terans já jogava, mas fora de forma, nada acrescentava. Bissoli substituindo Pablo era um “vivo morto”. E, assim, o jogo foi se arrastando de tal forma que provocou um fato jamais ocorrido em Atletiba: o silêncio da torcida. Cittadini chutou uma bola na trave e, depois, que Carlos Eduardo entrou, deu vontade de desistir do jogo. Carlos Eduardo e Bissoli juntos é uma composição capaz de causar danos cardíacos irreparáveis.
O fraco árbitro Leonardo Ferreira Lima, confuso e sem autoridade, teve só um momento de lucidez: dar apenas três minutos de tempo extra. Se não desse, ninguém iria reclamar. Todos queriam sair correndo do Couto Pereira.
Em resumo, foi o pior Atletiba da história. Coisa horrorosa, exclamaria Agildo Ribeiro no diálogo do seu notável Aquiles Arquelau com a “múmia paralítica” (Planeta dos Homens, Globo).
Algum leitor deve perguntar: mas se foi tão ruim assim, por que escrever tanto? Boa pergunta. Não sei responder.