O Furacão torna-se proibido para velhos corações
De repente, o Athletico tão terno, afetuoso e meigo, resolve praticar maldades com o coração da sua gente. Será que é de caso pensado, que após tensionar a paixão de arquibancada (e do sofá) az explodi-la em forma de alegria?
Como explicar esse Athletico?
Como um caminheiro que anda sem rumo, passa um bom tempo vagando pelo campo. Perdido no campo e submisso ao alheio, parece gostar de sofrer e de fazer os seus outros sofrerem.
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Mas depois de 15 minutos de descanso, mostra que a maldade proposital tem um pedaço de amor. É que guardando a consciência de que quando não se tem mais esperanças é que as coisas boas acontecem, surge o Furacão imperial, soberano, supremo. E, daí, faz o seu povo feliz.
Em Assunção, perdia para o Libertad por 1 a 0. No segundo tempo, ao som de “India”, virou: 2x1.
Na Baixada, perdia para o poderoso Flamengo, 1x0. Calou 30 milhões de brasileiros, 2x1.
Na Baixada, perdia duas vezes para o Coritiba: 1x0 e 2x1. No último segundo, provou aos coxas que desgraça pouca é bobagem, 3x2.
E, agora, na Baixada, contra o Botafogo, perdendo de 2 a 0 contra um adversário certo e talentoso, fez 3 a 2.
É tudo muito bonito e orgulho.
Mas o Athletico precisa saber que muitos corações que ainda pulsam por ele já estão envelhecidos, cansados e de repente podem repousar. Mas como no poema de Fernando Pessoa: “Há um certo prazer até no cansaço que isto me dá”.