O Fluminense fez o seu papel em Jedá. Tomou de 4 a 0
Não pense que Pep Guardiola só é o melhor técnico do futebol mundial por ter aperfeiçoado a doutrina da antiga escola holandesa de Rinus Michels e Johan Cruijff. Ao técnico Guardiola antecede a figura de um dramaturgo do ilusionismo impressionista.
Antes da final de Jedá, Guardiola comparou o Fluminense, de Fernando Diniz, com o “Brasil de 82”, e que o futebol que jogava era o do “Brasil de 70”. E o Fluminense acreditou que Guardiola produzia e encenava um teatro baseado em fatos reais.
Resultado: Manchester City 4 x Fluminense 0.
O jogo ainda não havia batido no primeiro minuto, quando Marcelo, exagerando na confiança de seu talento, errou um passe. A bola ganha e chutada por Nathan Aké foi na trave tricolor, e na volta Julián Álvarez fez 1 a 0. Embora cedo, nada mais natural.
O erro de passe integra a proposta de jogo de Fernando Diniz. Só que há tempo e lugar para errar. Contra o City e em uma decisão seria fatal como foi.
Sem chutões e trocando passes e posições até que foi superior na posse de bola ao Manchester. À exceção de uma ou outra jogada do colombiano Arias, a posse e o domínio não repercutiam em lances contra o goleiro Ederson. E assim, o Manchester City com pressão avançada voltou a ganhar a bola e a ter espaço para chegar ao goleiro Fábio. Aos 27 minutos, Phil Foden pela esquerda, finalizou. A bola desviada por Nino acabou no segundo gol inglês.
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O segundo tempo foi passeio. O Fluminense dominado, passou a acusar o peso da idade de Felipe Melo, Cano, Marcelo, Ganso e Keno. Ao contrário, o Manchester por estar inteiro parecia apenas praticar ações protocolares. Em alguns momentos, dava passos de descanso. Ainda assim, aos 26 minutos marcou o terceiro com Phil Foden e aos 42 minutos, marcou o corolário com o golaço de Julián Álvarez.
Os teóricos irão dissertar teses para explicar a goleada inglesa. Dirão que Guardiola entende mais futebol do que Diniz. Entende e é natural pois nasceu, cresceu e foi educado pelos melhores do mundo. Dirão que o esquema tático posicional do Manchester sobrepõe a liberalidade da ordem adotada por Diniz, em que a posição do jogador é mero detalhe. Haverá tese disso e daquilo.
Perdoem-me os teóricos, qualquer teoria é boba diante de uma verdade: o Manchester reúne alguns dos melhores jogadores do mundo e que são treinados por Pep Guardiola.
As diferenças entre um e outro são tão brutais que, às vezes, o jogo torna-se até covarde. E há uma questão que nós por por vaidade ou orgulho teimamos em não acreditar: o jogador europeu, em razão da sua formação cultural, tem mais percepção do jogo.
Só superamos essa superioridade quando tivemos gerações de craques que não precisavam ser automatizados por esquemas. A natureza de cada um era a solução. O resultado de Jedá, portanto, nada mais foi do que uma questão de lógica. Ganhou o infinitivamente melhor.