Opinião

O estranho caso de Dagoberto e o INSS

Por
Augusto Mafuz
10/01/2024 11:43 - Atualizado: 10/01/2024 11:44
Dagoberto em ação pelo São Paulo contra o Athletico
Dagoberto em ação pelo São Paulo contra o Athletico | Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

A repórter Rafaela Rasera, do UmDois Esportes, devolve ao noticiário o ex-atacante Dagoberto, que foi revelado pelo Athletico, em 2001.

Aos 40 anos de idade, já aposentado, Dagoberto pede na Justiça que a Viúva (INSS – União), expressão do verdadeiro imortal Elio Gaspari, pague um valor indenizatório pela redução da capacidade laborativa em razão de lesões sofridas ao tempo do Furacão.

O INSS contesta sob o argumento de que após sair do Athletico é que Dagoberto teve a sua fase mais produtiva técnica e financeiramente.

Há um outro fato com repercussão jurídica: Dagoberto não só renunciou ao direito de estender o seu contrato de trabalho com o Furacão pelo período de inatividade, como depositou a favor do clube R$5 milhões para rescindi-lo e ir para o São Paulo.

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Mas a questão é outra: Dagoberto quer dar uma mordida na Viúva por que está precisando de dinheiro, ou por que está simplesmente exercendo um direito supondo ter uma causa?

A resposta é dada pelo próprio Dagoberto: está precisando de dinheiro. A conclusão decorre dos fatos que ele afirma, para receber o benefício da gratuidade de Justiça. E só tem o direito a esse beneficio assistencialista quem não tem condições de pagar o custo do processo. Para atender a lei, Dagoberto apresenta-se como “pobre” na literalidade do termo.

O fato trazido por Rafaela é de interesse profundo. Ambientado na época, vai demonstrar que o jovem nunca deve brigar com o clube que o revela.

No início da década de 2000, a parceria com o PSTC rendeu ao Athletico uma fornada de jovens. De lá vieram, entre outros, Dagoberto, Fernandinho, Kleberson e Jadson.

Excepcional, Dagoberto era o craque: inteligente para deslocar-se no espaço vazio à espera do passe, corajoso e talentoso para receber e entrar driblando, e precioso para concluir o lance e ser goleador.

Na época, mesmo após a contusão, o Athletico quis renovar o seu contrato para negociá-lo com o Hamburgo, da Alemanha. Mas, Dagoberto negou-se, preferindo o litígio para sair com o pagamento da multa de R$5 milhões.

Ao contrário do amigo, Fernandinho, Kleberson e Jadson não viraram as costas para o Furacão.

Kleberson foi campeão do Mundo pelo Brasil e jogou no Manchester United. Voltou para despedir-se do Athletico. Professor de bola nos Estados Unidos, tem uma vida tranquila.

Fernandinho e Jadson foram ao Shakhtar, da Ucrânia. Depois de ganhar títulos e dinheiro, Jadson voltou e jogou no São Paulo. Foi à China, jogou no Corinthians e voltou para a Baixada. Hoje é um bem-sucedido construtor em Londrina.

Fernandinho saiu da Ucrânia e foi ao Manchester City. De 2013 a junho de 2022 comandou o time de Pep Guardiola, que o resumiu: "Se um time tem três Fernandinhos, ele vai ser campeão. Quando você precisa fazer uma correção, você só precisa de um jogador para desafiar, e Fernandinho está lá.”

Realizado financeiramente, está arrematando a realização profissional: voltar a jogar pelo Athletico, homenageando o clube que lhe educou e o formou para a vida.

O orgulho não deixa Dagoberto se arrepender dos seus erros. Se tivesse seguido a orientação do Furacão, hoje não precisaria ser obrigado a declarar pobreza e querer dar um belisco na Viúva.

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Augusto Mafuz é um dos comentaristas esportivos mais tradicionais de Curitiba, conhecido por sua cobertura do Athletico e outros times da capital. Nascido em Guarapuava em 11 de maio de 1949, Mafuz tem sido uma figura central no j...

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