O Coritiba, a SAF e o Aprendiz
O que a diretoria do Coritiba sempre negou por respostas reticentes, o empresário Roberto Justus confirmou na primeira vez em que foi provocado: o fundo de investimentos Treecorp, do qual é um dos maiores acionistas, irá adquirir 90% da Sociedade Anônima do Coritiba. Em resumo: Justus será o dono dos coxas.
O doutor não é nenhum pouco discreto. Não só é bilionário, como faz questão de se apresentar como um bilionário. Às vezes exótico, às vezes populista e, quase sempre exótico e populista, nunca escondeu que é titular de uma grande fortuna.
Por ser assim, financiou a si próprio como apresentador do programa “O Aprendiz”, na TV Record. No reality show vestiu-se de Donald Trump, o seu “outro eu” (alter ego). Não se pode dizer que não foi um sucesso.
De repente, por essas coincidências da vida, o Coritiba está se transformando numa espécie de tela imensa para que Roberto Justus implante no futebol a versão de “O Aprendiz”.
Bem por isso, obrigado a atender orientações do futuro dono, dispensou Guto Ferreira e contratou António Oliveira, que está ainda aprendendo a ser treinador de futebol. E Oliveira, sendo um mero executor do novo patrão, é quem se responsabiliza publicamente “pela contratação de 90% dos jogadores” que chegam no Alto da Glória.
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Talvez, mais que coincidência, seja a explicação das contratações de Pinho, Marcelino, William Pottker, Júnior Urso, Robson e do próprio António Oliveira. Erros de aprendiz. Ao contrário dos programas de televisão, no futebol não há roteiro.
E por ser assim, o custo em forma de fracassos no campo desse reality show pode ser alto para o Coritiba. O que não pode é que Roberto Justus transforme essa sua versão futebolística de “O Aprendiz” em uma comédia de horrores. Uma boa sugestão é abandonar Donald Trump e adotar um novo alter ego. Indico Mario Celso Petraglia, presidente do Athletico.