O caso de Vinicius Junior: só a sanção técnica enfrenta o racismo
É natural a comoção mundial que está provocando a agressão racista sofrida por Vinicius Junior pela torcida do Valencia. Toda a prática da intolerância, sexismo, racismo e homofobia, seja em qualquer circunstância, é violenta. Mas, em um estádio de futebol lotado como estava o Mestalla, não há como dimensionar essa violência. É que lá estão 40 mil pessoas projetando o sentimento de ódio contra um ser indefeso em razão da cor da sua pele.
A não ser a manifestação dos treinadores Carlos Ancelotti (Real Madrid) e Xavi (Barcelona), nenhuma outra me comoveu. Ancelotti, em especial, negou-se a falar de futebol para concluir: “Há um problema nos estádios da Espanha: o racismo”.
+ Confira todas as colunas de Augusto Mafuz
As manifestações políticas como a do presidente Lula e da vice-presidente espanhola Yolanda Días são vazias. Bem cedo, por serem políticas e de fundo populista, submetem-se aos interesses diplomáticos entre os países. Mais ainda por essas agressões terem fundo político, pois na Espanha a cor preta de Vinicius e o seu talento são apenas pretextos para a projeção de uma ideologia própria dos extremistas.
Reações jurídicas como a do Real Madrid em denunciar o fato como crime de ódio será mais um processo que a Justiça Espanhola irá empilhar, tendo como causa o mesmo fato, que é a agressão racista contra Vinicius.
Só há uma forma de enfrentar essa violência: responsabilizar o clube da torcida agressora a partir da perda de pontos. Pode até ser amenizado quando há um caso isolado de um torcedor. Mas quando há uma manifestação em grupo, não há outra forma de combater a não ser através da censura técnica. No caso de Vinicius, se houvesse essa punição, o Valencia perderia os pontos e seria rebaixado à segunda divisão. Nunca mais o Mestalla ou qualquer outro estádio ouviria gritos de ódio em razão da cor da pele.
O problema é que o futebol é igual à política: há interesses que sobrepõe o combate aos crimes de intolerância.